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Eles saudavam os soldados e jogavam arroz e flores sobre eles. Mas os libaneses do sul disseram que, sem o Hezbollah, o Exército do Líbano nunca teria conseguido estabelecer-se na região.

Ao longo da estrada de Qlaiah, homens, mulheres e crianças colocaram-se do lado de fora de suas casas a partir do amanhecer, celebrando a chegada dos soldados que cruzaram o rio Litani depois de uma trégua patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) ter colocado fim ao conflito entre Israel e o Hezbollah.

- Esperamos por esse momento durante 50 anos. Se eles não nos protegerem, quem o fará? - perguntou Malek Maroun, 53, do lado de fora de sua casa, ao lado da mulher e dos filhos.

A resolução da ONU que calou as armas prevê que o Exército do Líbano e uma força de paz ampliada, com até 15 mil integrantes, ocupem o sul libanês no lugar do Hezbollah e dos militares israelenses.

Centenas de soldados libaneses montaram bases nas cidades e vilarejos localizados ao sul do Litani, muitos deles redutos do Hezbollah e bastante atingidos durante os 34 dias de conflito.

- Quando vi o Exército, fiquei emocionado. Estou aqui desde manhã cedo, celebrando e aplaudindo - disse Abd Reda Fawaz, 58, proprietário de um açougue na cidade de Jouaya (sul).

Mas muitos moradores da região disseram que o Hezbollah havia derrotado Israel e que, sem ele, o Exército nunca teria conseguido chegar ao sul porque não possui nem as armas nem o treinamento necessário para enfrentar os israelenses.

- O Exército não teria nunca conseguido chegar aqui sem a resistência. A força da resistência abriu caminho para a entrada do Exército - disse Ibrahim al-Masry, 47, em Jouaya.

O Hezbollah matou 157 israelenses na guerra. Seis anos atrás, os ataques persistentes e violentos da guerrilha convenceram Israel a desocupar o sul do Líbano. E muitos libaneses vêem na guerrilha o único grupo capaz de enfrentar Israel.

- Se não fosse pela resistência, ninguém teria vindo para cá lutar. O Exército não ia conseguir lutar aqui - afirmou Salma Attiyeh, 21, que trabalha em uma farmácia de Jouaya.

O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, sugeriu que seu grupo estava mais apto do que o Exército libanês para defender o país árabe contra Israel.

Mas alguns libaneses, inconformados com o alto grau de destruição decorrente dos bombardeios israelenses, não ficaram impressionados com a longa fila de soldados sorridentes.

- Isso é um desastre. Não mudou nada. O Exército chegou seis anos atrasado. Eles estão vindo para proteger a destruição do sul do Líbano ao invés da construção dele. Eles estão apenas servindo ao Exército de Israel - afirmou Ibrahim al-Haj, 49.

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