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O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, alertou na segunda-feira (20) as altas autoridades do país a não ajudarem os inimigos do Irã, depois que dois ex-presidentes manifestaram posições desafiadoras contra o resultado das eleições presidenciais de junho.

Na sexta-feira, pela primeira vez em várias semanas, houve confrontos entre policiais e manifestantes reformistas em Teerã depois que o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani declarou que a República Islâmica está em crise e que há dúvidas sobre o resultado eleitoral.

Foi uma clara contestação à autoridade de Khamenei, a figura mais poderosa do Irã, cujo aval à reeleição do presidente radical Mahmoud Ahmadinejad representou a palavra final quanto à lisura do pleito de 12 de junho.

O ex-presidente Mohammad Khatami, um reformista, entrou na polêmica na segunda-feira, propondo um referendo sobre a legitimidade do governo. Outro reformista, o ex-candidato a presidente Mirhossein Mousavi, pediu a libertação de centenas de pessoas detidas nos protestos ocorridos depois da eleição.

"As elites devem saber que qualquer conversa, ação ou análise que ajude (o inimigo) é uma manobra contra a nação. Devemos ser muito cuidadosos", disse Khamenei em discurso a autoridades iranianas, numa clara referência a recentes declarações questionando a eleição.

"As pessoas consideram com ódio qualquer um, em qualquer posição, que deseje levar a sociedade na direção da insegurança", disse o aiatolá. "Há coisas que não devem ser ditas. Se as dissermos, nós nos movemos contra a nação. Trata-se agora de um teste para as elites, e falhar neste teste significa... cair."

Khamenei habitualmente se comporta como mediador das disputas políticas, mas apoiou a vitória de Ahmadinejad logo depois da votação, enquanto os reformistas denunciavam fraude.

Rafsanjani, veterano membro do regime islâmico e presidente de um órgão que teoricamente poderia destituir o líder supremo, agora luta por sua sobrevivência política, já que Khamenei ignorou os apelos para conter Ahmadinejad, depois que este acusou o ex-presidente de corrupção.

Junto com os protestos pós-eleitorais, os maiores no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979, a disputa dentro do clero representa um desafio inédito à autoridade de Khamenei, que ocupa o poder desde 1989.

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