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No país ainda devastado pelo terremoto de 12 de janeiro e que enfrenta uma epidemia de cólera, mais de quatro milhões de haitianos vão às urnas neste domingo (28),em eleições gerais para eleger presidente, 11 senadores e 99 deputados.

ONGs e políticos chegaram a pedir um adiamento do pleito devido ao rápido avanço da doença no país – que já deixou 1.648 mortos e segue fazendo vítimas no país que ainda tem 1,3 milhão de desabrigados pelo terremoto.

Mas para organismos internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados Americanos), a eleição pode ser uma mais uma oportunidade perdida para o país, que já viveu mais de 30 anos sob ditaduras violentas e governos provisórios.

"Historicamente, nas eleições para presidente temos um comparecimento de 60%. Mas o temor pelo contágio [do cólera] vai provocar uma redução nessa média. Não temos como fazer uma previsão", disse ao G1, por telefone de Porto Príncipe, o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman.

O voto no país é obrigatório, mas segundo o embaixador, não há nenhuma sanção a quem não comparecer às urnas, o que o torna praticamente facultativo.

O diplomata não acredita que os violentos protestos entre militantes nesta semana que antecedeu o pleito prejudiquem a eleição. "Há alguns grupos pequenos que tradicionalmente aqui, quando não tem possibilidade de vencer, não querem que se realize eleição", minimiza.

Um total de 1.474 centros de votação foram instalados no país, divididos de acordo com os graus de segurança entre vermelho, amarelo e verde. Um primeiro resultado oficial deve ser divulgado em 7 de dezembro.

Dezenove candidatos disputam a sucessão do presidente René Preval, eleito em 2006, numa eleição que teve até uma celebridade cotada, o cantor de hip hop (ex-Fugees) Wyclef Jean, muito popular no país, mas que teve a candidatura rejeitada em agosto por não ter vivido no país nos últimos cinco anos.

Entre os que seguem no páreo, a oposicionista Mirlande Manigat, 70, lidera as pesquisas de opinião. Ex-primeira-dama do país, ela foi casada com Leslie Manigat, derrubado em 1988 por um golpe de Estado.

Mirlande é seguida pelo candidato de Préval, Jude Célestin, 48, que liderou a agência responsável pela reconstrução do país e teve a candidatura confirmada apenas em agosto.

Já Michel Martelly, 44, mais conhecido como "Sweet Micky" é um popular cantor de Kompa, um ritmo local e ocupa um terceiro lugar nas pesquisas, que não apontam nenhum dos favoritos com chances de vencer a eleição no primeiro turno.

Se as previsões se confirmarem, os dois mais votados devem disputar um segundo turno em 16 de janeiro.

Há ainda o temor com a legitimidade da votação e fraudes no processo. Para tentar evitar fraudes, o número de votantes será descontado em 6,1% na hora de calcular a porcentagem obtida por cada candidato.

Brasil

Resta saber se haverá condições para realização de um segundo turno. Em 2006, Préval foi considerado eleito presidente mesmo ser ter obtido a maioria absoluta dos votos no primeiro turno. Na ocasião, o argumento para cancelar outra rodada de votação foi de que poderia haver mais violência.

"O que houve foi um entendimento para adotar uma fórmula de contagem onde entrou a distribuição de votos em branco de maneira proporcional a todos os candidatos. Com isso, Préval passou a ter mais de 50% dos votos", diz o embaixador Igor Kipman.

País com o maior contingente na missão de paz da ONU no país, a Minustah, o Brasil é citado por candidatos durante a campanha como forma de despertar a confiança num eventual futuro governo. Renovado em outubro por mais um ano, a retirada das tropas depende em grande parte da estabilidade política do país.

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