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Com roupa de proteção, técnico usa contador para verificar os níveis de radiação em vítimas do terremoto na cidade de Koriyama, na província de Fukushima, uma das mais afetadas pelo tremor e tsunami | Ken Shimizu/ AFP
Com roupa de proteção, técnico usa contador para verificar os níveis de radiação em vítimas do terremoto na cidade de Koriyama, na província de Fukushima, uma das mais afetadas pelo tremor e tsunami| Foto: Ken Shimizu/ AFP

Controle total pode evitar danos maiores

Monitorar as estruturas que podem impedir o vazamento de material radioativo e controlar a emissão de vapor na atmosfera são os procedimentos necessários para se evitar danos maiores causados pela usina de Fukushima, avalia o diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Francisco Rondinelli. Confira os principais trechos da entrevista à Gazeta do Povo.

Leia a entrevista

  • Entenda melhor o desastre na usina de Fukushima

Tóquio - Em mais um dia de informações confusas sobre o que ocorre no complexo nuclear de Fukushima, no noroeste do Japão, a suspeita de que a radiação chegou a níveis extremamente altos trouxe mais pânico no país e preocupação às autoridades em todo o mundo.

O chefe da comissão nuclear dos EUA, Gregory Jaczko, disse acreditar que a radiação no reator 4 seja "extremamente alta". Seguindo orientações da comissão, a Embaixada dos EUA em Tóquio aconselhou os norte-americanos a deixarem um raio de 80 km em torno de Fukushima.

Logo após a afirmação de Jaczko, as autoridades japonesas negaram que a piscina de armazenamento de combustível usada no reator 4 da usina não teria mais água. Sem resfriamento, as varetas de urânio derreterão, o que emitirá radiação alta a ponto de impedir os funcionários de Fukushima de tomar medidas corretivas.

Localizada a cerca de 250 km de Tóquio, a central nuclear fica na área mais atingida pelo terremoto e pelo tsunami que já deixaram milhares de mortos – até ontem, mais de 4 mil mortes já haviam sido confirmadas pelo governo.

Avaliação da ONU

Ao mesmo tempo, a Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, relatou danos aos núcleos dos reatores 1, 2 e 3 da usina. O chefe da AIEA, o japonês Yukiya Amano, disse que viajará hoje ao país.

Embora tenha chamado o caso de "muito sério", Amano minimizou as declarações de Günther Oettinger, comissário de Energia da União Europeia, para quem as autoridades japonesas parecem ter perdido o controle: "Não é o momento de dizer isso’’.

Não está clara a extensão dos danos apontados pela AIEA nos núcleos dos reatores 1, 2 e 3 de Fukushima. As autoridades japonesas, que têm falado sempre no condicional, divulgaram suspeita de rachadura na estrutura de contenção dos reatores 2 e 3.

Não é possível verificar diretamente se houve rachadura; isso é deduzido a partir da medição dos índices de radioatividade. A emissão do reator 3 – que funciona com plutônio, e não urânio – é tida como a mais perigosa.

Ontem, a Tepco, empresa que opera a central nuclear, anunciou que está "quase completa" uma nova linha de transmissão de energia – a anterior foi destruída pelo tsunami. Se a eletricidade voltar, o sistema normal de abastecimento de água, que impede o superaquecimento dos reatores, funcionará novamente.

50 viram 180

Ao longo do dia de ontem, os 50 trabalhadores da usina de Fukushima encarregados de impedir a tragédia nuclear viraram 180 – e, durante algumas horas, caíram para zero, quando a Tepco, administradora da usina, precisou retirar todos os funcionários devido a um aumento temporário da radiação.

Depois que os índices caíram, 180 empregados passaram a tentar evitar um desastre de proporções maiores. A Tepco não informa quem são nem se os 50 fazem parte da nova equipe de 180. Ao todo, a usina emprega 800 funcionários.

Numa tarefa considerada "heroica" por especialistas, os "50 sem rosto" – como foram chamados pelo jornal The New York Times – caminharam por setores labirínticos da usina em total escuridão, só interrompida por suas lanternas, e atentos a eventuais explosões de hidrogênio.

Carregando tanques de oxigênio às costas, eles usaram roupas de chumbo e levaram consigo aparelhos medidores dos níveis de radiação enquanto se dedicavam à tarefa de tentar esfriar os reatores.

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