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Manifestantes atiraram granadas e incendiaram prédios no centro financeiro de Bangcoc | Reuters
Manifestantes atiraram granadas e incendiaram prédios no centro financeiro de Bangcoc| Foto: Reuters
  • Cerca de 20 prédios foram incendiados na capital tailandesa
  • Manifestantes detidos por militares tailandeses em Bangcoc
  • Toque de recolher não evitou confrontos entre manifestantes e militares

A rendição dos líderes dos Camisas Vermelhas não foi suficiente para interromper a violência no centro de Bangcoc nesta quarta-feira. Integrantes do grupo, irritados com a decisão dos líderes, lançaram granadas e incendiaram cerca de 20 prédios da capital, dentre eles o da Bolsa de Valores. Funcionários do governo confirmaram a morte de cinco manifestantes e de um fotógrafo italiano, mas testemunhas disseram que pelo menos mais seis corpos foram localizados no tempo budista Wat Pathum Vanaram, local onde se concentravam manifestantes, quando havia violência nas ruas da capital tailandesa. Com isso, subiu para 12 o número de mortos nos confrontos entre as forças oficiais e os oposicionistas nesta quarta-feira.

O primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva tentou, na noite desta quarta-feira, assegurar ao país que o governo vai restaurar a calma, mas vários incêndios se espalharam pela capital. Seu governo declarou um toque de recolher noturno e ele disse em discurso na televisão que deu permissão ao Exército para disparar contra suspeitos de serem incendiários.

Os líderes dos Camisas Vermelhas se renderam nesta manhã (horário local), depois que o Exército tailandês, com dez carros blindados e centenas de soldados, cercaram a chamada "zona vermelha". A rendição dos líderes do grupo ocorreu após o Exército cercar a zona ocupada pelos manifestantes.

Desde quinta-feira, 37 pessoas já haviam morrido nos confrontos. Segundo um dos líderes dos Camisas Vermelhas, Natawut Saikua, eles se renderam para evitar mais mortes, dada a maneira ostensiva com que foram tratados pelo exército. "Nós fizemos o nosso melhor. Abandonamos a resistência para prevenir mais perdas entre os manifestantes."

Outro líder "vermelho", Weng Tojirakarn, disse que a prioridade era evitar baixas e que eles precisam de apoio para deixar o local com segurança. Um porta-voz da polícia tailandesa classificou os que estavam na coordenação da resistência de "líderes terroristas".

O caos em Bangcoc após dois meses de protestos vai aprofundar o impacto na economia e na indústria do turismo da Tailândia, uma importante aliada dos Estados Unidos e considerara um dos países mais estáveis do sudeste asiático.

O toque de recolher de dez horas foi estabelecido em Bangcoc e em outras 23 províncias a partir das 20h, mas o governo disse que as operações do Exército continuariam durante a noite na capital.

Esta é a primeira vez que Bangcoc é colocada sob toque de recolher desde 1992, quando o Exército matou dezenas de manifestantes pró-democracia que queriam derrubar um governo apoiado pelos militares. "Esta vai ser outra noite preocupante", disse o porta-voz do governo, Panitan Wattanayagorn.

O governo também impôs um controle parcial às emissoras locais de televisão, dizendo que todas terão de transmitir boletins preparados pelo governo. "Eles poderão transmitir seu programas jornalísticos regulares, mas estamos preocupados com as transmissões ao vivo dos protestos", disse Panitan.

Os manifestantes já haviam voltado sua ira contra os meios de comunicação locais, que segundo eles fazem uma cobertura favorável ao governo. Eles atacaram os escritórios do canal 3, que é estatal, ateando fogo a carros que estavam do lado de fora da emissora e perfurando canos de água para inundar o prédio.

Horas mais tarde, o prédio estava em chamas. Seus executivos foram evacuados de helicóptero e a polícia resgatou outros funcionários. O jornal em língua inglesa Bangkok Post evacuou seus funcionários após ameaças dos Camisas Vermelhas. Um grande prédio de escritórios na mesma rua também foi incendiado.

A Bolsa de Valores tailandesa vai permanecer fechadas pelo restante da semana depois que manifestantes atearam fogo no térreo, disse a presidente Patareeya Benjapolchai. Os bancos comerciais também não devem funcionar nesse período. Um grande shopping center, o Central World, e o cinema Siam Theatre também foram incendiados.

Os tumultos também se espalharam pelas áreas rurais do nordeste e norte do país, onde os Camisas Vermelhas, que afirmam que o governo de Abhisit é elitista e não dá atenção às suas necessidades, mantém forte apoio.

A mídia local informou que os manifestantes atearam fogo a escritórios governamentais na cidade de Udon Thani e destruíram a prefeitura de Khon Kaen. O governador de Udon Thani pediu intervenção militar. Imagens de televisão mostram tropas em retirada depois de terem sido atacadas por um grande grupo em Ubon Ratchathani. Há relatos de incêndios e tumultos também na cidade de Chiang Mai, a terceira maior do país, localizada no norte.

Pelo menos 80 pessoas morreram e cerca de 1.800 ficaram feridas desde que os Camisas Vermelhas foram para Bangcoc em meados de março para fazer exigências. Em resposta, Abhisit ofereceu a realização de eleições em novembro, um ano antes do programado. Apesar das expectativas iniciais de que isso poderia encerrar o impasse, os Camisas Vermelhas fizeram novas exigências e os manifestantes permaneceram em suas posições.

Muitos são partidários do populista ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que foi deposto em 2006 por um golpe militar. Thaksin vive no exílio depois de ter sido condenado, à revelia, a dois anos de prisão por corrupção. O governo o acusa de patrocinar as manifestações.

Uma corte da Tailândia emitiu nesta quarta-feira mandados de prisão contra o exilado ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, um membro do Parlamento, dois ex-membros do Legislativo e seis outras pessoas, por terrorismo e outras acusações. A informação foi divulgada pela agência de notícias Kyodo.

Na lista estão Waichian Khaokham, um parlamentar, e o ex-parlamentar Adisorn Piangkes, que foi recentemente diretor do Canal do Povo, emissora que apoio os protestos da oposição em Bangcoc. Também está o nome de Payap Panket, ex-deputado que liderou manifestações no Hospital Chulalongkorn, provocando o esvaziamento do hospital no mês passado. Os outros nomes eram de pessoas envolvidas nos protestos iniciados em 13 de março em Bangcoc. Três dos procurados já se entregaram à polícia.

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