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O grupo fundamentalista Taleban prometeu, nesta quarta-feira, aumentar a resistência e lutar contra o reforço de mais 30 mil soldados norte-americanos, anunciado na noite de terça-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Obama irá testemunhar muitos caixões chegando à América do Afeganistão", afirmou um porta-voz do grupo, Qari Yousuf Ahamdi, por telefone.

"O desejo deles de controlar o Afeganistão por meios militares não se tornará realidade", afirmou Ahamdi. "As 30 mil tropas extras provocarão resistência e luta mais fortes".

O porta-voz previu ainda uma "retirada vergonhosa" das forças estrangeiras do país. "Eles não podem alcançar suas esperanças e metas", garantiu ele.

O Taleban também afirmou que o plano da administração Obama para o Afeganistão "não prevê a solução dos problemas do país" e dará aos insurgentes a possibilidade de "aumentar os ataques e abalar a economia americana, que já está em crise".

Desde a invasão norte-americana do Afeganistão, no final de 2001, mais de 850 militares norte-americanos foram mortos no Afeganistão, Paquistão e Usbequistão, de acordo com o Departamento de Defesa dos EUA. Desse total, cerca de 660 foram mortos em combates, atentados e "ações hostis".

Em discurso na cidade de Kandahar, no sul afegão, o general norte-americano Stanley McChrystal disse que o foco da nova estratégia estará na região, onde o Taleban é mais forte. "Essa guerra, na minha visão, será decidida no próximo ano ou nos próximos dois anos. Eu acredito que no final do próximo ano vamos ver bastante progresso", afirmou.

O plano de Obama gerou reações mistas tanto nos EUA quanto no Afeganistão. Muitos temem que o governo afegão seja incapaz de combater a corrupção dentro de si próprio e ao mesmo tempo derrotar o Taleban. Outros temem que o aumento no número de soldados americanos significará que mais civis afegãos serão mortos.

"Eu pergunto à América, 'O que vocês fizeram contra seus inimigos nos últimos oito anos? Vocês mataram afegãos e seus inimigos também mataram afegãos. Parece que vocês são fracos e seus inimigos são fortes. Vocês vão derrotar o inimigo desta vez?'", disse Haji Anwar Khan, um afegão morador de Kandahar.

"Mais tropas americanas significarão mais violência. Vai piorar a situação tanto no Afeganistão quanto no Paquistão", disse o estudante de engenharia paquistanês Ammar Ahmed, de 20 anos.

Em Washington, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, disse ao Congresso que um fracasso norte-americano no Afeganistão significaria "uma tomada do poder pelo Taleban". Gates, que deu depoimento ao Comitê de Serviços Armados no Senado dos EUA, disse também que uma eventual derrota americana fortaleceria a rede terrorista Al-Qaeda e os extremistas na região.

O comandante do Estado Maior conjunto dos Estados Unidos, o almirante Mike Mullen, disse que a nova estratégia do presidente dos EUA para o Afeganistão, de aumento de tropas e posterior retirada, ajudará os militares americanos a terem um foco melhor na missão.

Mullen, em comentários preparados para uma audiência no Comitê de Serviços Armados do Senado, também disse pensar que Obama teve uma atitude sábia ao deliberar bastante antes de decidir a questão. "Eu acredito que o tempo que ele tomou valeu a pena".

Na noite de ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou em discurso transmitido em rede nacional de televisão que enviará em breve mais 30 mil soldados ao Afeganistão. Obama também revelou o objetivo de começar a retirada das tropas do país da Ásia Central até o verão de 2011.

O custo da Guerra

Obama não anunciou nenhuma data oficial para o fim da guerra, mas apresentou um plano por meio do qual as forças americanas começariam a deixar a região já em julho de 2011.

Ele também afirmou que "o tempo do cheque em branco acabou", deixando claro que o governo afegão terá de fazer frente à corrupção. Com a chegada dos 30 mil soldados, os EUA terão 100 mil soldados no Afeganistão.

A meta, de acordo com Obama, é intensificar agora o esforço de guerra no Afeganistão para que os Estados Unidos possam transferir aos afegãos a responsabilidade pela segurança mais rápido do que o anteriormente previsto.

Mais cedo, fontes na Casa Branca disseram que o ritmo da retirada a ser iniciada em 2011 ainda precisa ser determinado.

"Assim como fizemos no Iraque, nós executaremos essa transição com responsabilidade, levando em conta as condições de campo", afirmou Obama. "Mas seremos claros com o governo afegão - e, o mais importante de tudo, com o povo afegão - que no fim serão eles os responsáveis pelo destino de seu país."

O presidente americano também ressaltou a deterioração da situação em solo afegão e afirmou que os gastos com a nova estratégia militar alcançarão cerca de US$ 30 bilhões em seu primeiro ano.

Apesar do alto custo de seu novo plano em um momento no qual as principais economias do planeta recuperam-se de uma grave crise financeira, Obama insistiu em que a estratégia atende aos interesses dos EUA.

Obama prometeu ao público trabalhar junto com o Congresso para lidar com o custo de sua estratégia para a guerra, e observou que o preço da batalha não pode ser ignorado.

O comentário trata de uma questão crucial referente à nova estratégia: como arcar com seus custos? Um deslocamento mais rápido resultará no gasto adicional de bilhões de dólares em um momento no qual aumenta a preocupação com o crescente déficit do país.

"Depois da crise econômica, muitos de nossos amigos e vizinhos estão sem trabalho e têm dificuldades para pagar as contas. Da mesma forma, muitos americanos estão preocupados com o futuro de seus filhos", declarou. "Portanto, não podemos simplesmente ignorar o custo dessas guerras."

"Adiante, eu me comprometo a tratar dos gastos aberta e honestamente. Trabalharei junto com o Congresso para lidar com os custos da mesma forma que fazemos para diminuir nosso déficit", prometeu.

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