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Mulheres afegãs seguram papéis pedindo direitos à educação e emprego durante a celebração do  Eid al-Adha, em junho deste ano.
Mulheres afegãs seguram papéis pedindo direitos à educação e emprego durante a celebração do Eid al-Adha, em junho deste ano.| Foto: EFE/EPA/STRINGER

Na mais recente medida de restrição baseada na rígida interpretação da lei islâmica, o Talibã, que lidera o Afeganistão, anunciou nesta terça-feira (4) a proibição do funcionamento de salões de beleza para mulheres no país e deu prazo de um mês para o fechamento de todos que ainda possam estar funcionando.

O porta-voz do Ministério de Propagação da Virtude e Prevenção ao Vício, Mohammad Sadiq Akif Mahajir, foi o responsável por informar à Agência EFE sobre o cancelamento da licença de todos os estabelecimentos deste tipo.

Através de carta, o titular da pasta orientou as autoridades de Cabul e demais províncias afegãs a concluir as atividades de encerramento dos estabelecimentos de beleza para mulheres. A partir de agosto, todos "estarão proibidos" no país.

A medida foi executada por meio de uma ordem do líder supremo dos talibãs, o mulá Mawlawi Haibatullah Akhundzada.

A proibição, mais uma que é incluída à uma lista de vetos impostos às mulheres afegãs desde a chegada ao poder dos talibãs, em agosto de 2021, representa também uma perda importante das poucas oportunidades de obtenção de renda pelas mulheres locais.

"Milhares de famílias encabeçadas por mulheres perderão fonte de receita. Isso é, realmente, difícil para nós sobrevivermos. É uma espécie de tortura para nós", afirmou à EFE uma maquiadora que trabalha em Cabul e não quis se identificar.

Desde a chegada dos fundamentalistas ao poder , há um ano e meio, as mulheres vivem retrocessos em matéria de direitos, com restrições como a segregação por gênero em locais públicos, a imposição do uso do véu ou a obrigação de estarem acompanhadas por um familiar masculino em longos trajetos.

A essa lista de vetos, foi incluída em dezembro do ano passado a proibição de trabalho em ONGs ou de estudo em universidade, ordem que sucede o acesso ao ensino médio, que foi imposta pelos talibãs logo que chegaram ao poder.

A realidade que vivem atualmente as afegãs se assemelha cada vez mais à época do primeiro regime talibã, que durou de 1996 a 2001, quando, com base em uma rígida interpretação do islã e um duro código social, conhecido como 'pastunwali', foi vetado acesso feminino às escolas, e as mulheres ficaram restritas às próprias casas.

Por trás de muitas destas regulamentações contra as mulheres, está o todo-poderoso Ministério de Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, um órgão que entrou em vigor durante o primeiro regime talibã e foi extinto com a invasão americana

Com a volta ao poder dos extremistas, quase dois anos atrás, a antiga pasta foi reativada, se instalando, justamente, onde estava o agora extinto Ministério da Mulher.

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