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Tanques etíopes rumaram para o sul de Mogadíscio para atacar os islâmicos somalis neste sábado, depois que os líderes do movimento religioso convocaram seus soldados para manter a resistência na cidade portuária de Kismayu.

O xeque Sharif Ahmed, cujas forças fugiram da capital da Somália na quinta-feira, também pediu a milhares de moradores reunidos no estádio Kismayu para a festa muçulmana do Eid al-Adha que defendessem seu país e sua fé das tropas do governo apoiadas por blindados, soldados e aviões de caça da Etiópia, país de maioria cristã.

``Nosso país está sob ocupação, então decidimos lutar'', disse ele à multidão enquanto as tropas islâmicas em caminhões equipados com artilharia anti-aérea montavam guarda fora do estádio.

Ahmed disse que o Conselho dos Tribunais Islâmicos da Somália (SICC, na sigla em inglês) continuam prontos a negociar com o governo interino, mas que os soldados etíopes devem partir.

Ele disse que os Tribunais foram criados para restaurar a estabilidade num país mergulhado na anarquia, dilacerado e marcado por rixas dos militares desde a derrubada do ditador Mohamed Siad Barre em 1991.

``Mas agora estamos nos preparando para expulsar esses invasores do nosso país'', disse o presidente do SICC.

As tropas islâmicas abandonaram a capital litorânea que comandavam há seis meses sob a lei sharia na quinta-feira, após 10 dias de ofensiva etíope por terra e ar.

Coroando a reviravolta dramática, o primeiro-ministro da Somália, Ali Mohamed Gedi, apoiado pelos etíopes, entrou em Mogadíscio na sexta-feira, dizendo que a luta por sobrevivência política havia sido vencida.

No sábado, o presidente Abdullahi Yusuf chegou ao país num helicóptero do exército etíope, a cerca de 20 km de Mogadíscio e reuniu-se com líderes das facções e anciãos.

``Este governo tem o dever de restabelecer a paz'', disse ele a repórteres durante uma inspeção ao acampamento militar. ``O país inteiro virou pessoas e armas... Enfrentamos 15 anos de guerra civil. Agora precisamos perdoar uns aos outros e nos dar as mãos.''

Sentado numa cadeira plástica embaixo de uma grande árvore, Yusuf disse que não entrará na capital desta vez e retornará à base do governo na cidade de Baidoa.

``Virei a Mogadíscio quando tudo estiver em ordem.''``A JIHAD CONTINUA''

Enquanto isso, centenas de moradores realizaram uma manifestação no sul de Mogadíscio, queimando pneus e gritando slogans contra a Etiópia.

Houve um protesto similar na capital na sexta-feira.

Aviões de guerra etíopes sobrevoaram Kismayu e a vizinha Jilib na sexta e no sábado, espalhando o medo entre os moradores.

Kismayu fica a cerca de 300 km ao sudoeste de Mogadíscio.

Um soldado do governo somali disse que os islâmicos - acusados por Adis Abeba e Washington de receberem apoio da al Qaeda - colocaram minas na estrada que sai de Mogadíscio durante sua retirada.

``Estamos indo para Jilib num comboio de 15 tanques etíopes'', disse Ahmednur Yasin à Reuters por telefone. ``Há mais tropas se dirigindo para Buale e tenho certeza que os combates começarão em breve.''

``Todos os terroristas estão em Jilib e Kismayu'', disse uma fonte importante do governo da Somália.

Os islâmicos disseram saber que seriam atacados.

``Vamos combater os invasores etíopes. A jihad não terminará'', disse um soldado do SICC que pediu para não ser identificado.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que os dias de violência podem ter matado centenas de pessoas e definiu a rápida escalada militar na Somália como ``os mais duros combates da década.''

Neste sábado o parlamento deve votar o decreto de lei marcial, com duração de três meses, cujo objetivo é desarmar milhares de membros das milícias leais aos ex-militares acusados de anos de anarquia.

Segundo analistas, o governo de Gedi depende quase completamente da Etiópia para ter força militar, e não está nada claro que ele manterá a segurança se e quando os etíopes deixarem a Somália.

Moradores e analistam temem uma guerra de guerrilha promovida pelo SICC.

Mas a ida de Gedi a Mogadíscio na sexta-feira foi vista como um passo simbólico que aumentou a confiança no mercado local.

Em um dia, cambistas e vendedores ambulantes disseram que o shilling somali passou de 14 mil para 10 mil por dólar.

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