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"Dia da Libertação"

Tarifas globais de Trump começam a valer neste sábado

Com mensagem na Truth Social, Trump pressionou o presidente do Fed, Jerome Powell, enquanto este discursava num fórum de jornalistas de negócios (Foto: EFE/EPA/ALEXANDER DRAGO/POOL)

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As tarifas globais de 10% anunciadas nesta semana pelo presidente americano, Donald Trump, entraram em vigor às 00h01 (1h01 de Brasília) deste sábado (5). A medida tem objetivo de "restaurar o equilíbrio comercial e reerguer a base industrial americana, que foi devastada por acordos injustos e barreiras tarifárias impostas por outros países".

No dia 2 de abril, batizado por Trump de "Dia da Libertação", ele anunciou uma tarifa mínima de 10% sobre 184 países e territórios, além da União Europeia (UE), e em alguns casos, com taxas maiores.

No caso do Brasil, a alíquota foi mantida em 10%, mas chegou a ser incrementada em até 20% para produtos da UE ou até 34% para as exportações chinesas que chegam ao mercado americano.

Essa escalada tarifária adicional, que se aplica apenas a alguns parceiros comerciais de Washington, entrará em vigor às 00h01 de 9 de abril. O que entra em vigor agora é a tarifa global de 10% que afeta todos os produtos que os Estados Unidos importam de outras nações.

No entanto, produtos já embarcados e em trânsito para os Estados Unidos antes das 00h01 deste sábado estão isentos da tarifa, de acordo com a ordem executiva assinada por Trump.

Essa exceção - a única incluída na ordem - impede que mercadorias já a caminho dos Estados Unidos sejam afetadas pela mudança na alfândega.

Temores de desaceleração

As taxações alimentaram temores de uma desaceleração econômica, com o maior banco dos Estados Unidos, o JPMorgan Chase, aumentando as chances de uma recessão global de 40% para 60%.

Nos Estados Unidos , o presidente do Federal Reserve (Banco central americano), Jerome Powell, advertiu na última sexta-feira que as tarifas de Trump poderiam levar a uma inflação mais alta e a um menor crescimento econômico, ressaltando que um disparo na inflação poderia ser persistente e não temporária.

As tarifas também ameaçam aumentar o preço de bens como moradia, carros e roupas nos Estados Unidos, podendo prejudicar famílias mais pobres, que podem sofrer uma perda de capital de até 5,5%, de acordo com um estudo de um centro de pesquisa da Universidade de Yale.

Trump impôs as tarifas usando a autoridade adicional que tem como presidente para declarar uma "emergência nacional", argumentando que a atual situação comercial representa um risco à segurança dos Estados Unidos.

O presidente prometeu que as tarifas levarão de volta aos Estados Unidos empregos que foram transferidos para países com mão-de-obra mais barata nas últimas décadas. Porém, nas últimas semanas, também reconheceu que pode haver um doloroso período de "transição" para as famílias americanas.

A última vez que as tarifas dos Estados Unidos foram tão altas foi depois que o presidente Herbert Hoover (1929–1933) assinou a controversa Lei de Tarifas Smoot-Hawley em 1930, que aumentou as taxas sobre muitos produtos importados para quase 40%.

Acredita-se que essa medida tenha agravado a Grande Depressão, também conhecida como Crise de 1929, que durou até os anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial.

Casa Branca prevê arrecadação bilionária e corte de impostos

Peter Navarro, conselheiro de Trump para comércio e manufatura, declarou que as novas tarifas devem fazer com que os Estados Unidos arrecadem cerca de US$ 700 bilhões por ano, somando até US$ 6 trilhões em dez anos — um valor que ultrapassa qualquer aumento tributário anterior na história do país.

"As tarifas são cortes de impostos, as tarifas são empregos, as tarifas são segurança nacional. As tarifas são ótimas para a América. Elas vão tornar a América grande novamente”, disse.

Navarro afirmou ainda que os recursos arrecadados abrirão caminho para novos cortes de impostos no Congresso e que o governo pretende oferecer créditos fiscais para compradores de veículos americanos, embora os detalhes sobre o benefício ainda não tenham sido divulgados.

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