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WASHINGTON - O televangelista americano Pat Robertson voltou a falar sobre Hugo Chávez na TV, desta vez para negar que tenha pregado que ele deve ser assassinado. Mas a fogueira que acendeu em torno de si com as declarações inesperadas sobre o presidente da Venezuela continua ardendo.

Robertson disse que seria conveniente que as forças especiais lidassem com isso, mas que há várias formas de elas o fazerem - e isso não necessariamente implicaria assassinato. Ele cita seqüestro como uma alternativa.

O pastor, um importante líder conservador e parte da base aliada do presidente George W. Bush, chocou a comunidade internacional ao usar seu programa "The 700 Club" (Clube 700), que tem 1 milhão de espectadores, para dizer que os EUA deveriam matar Chávez.

- Se ele pensa que estamos tentando assassiná-lo, eu acho que nós realmente temos que ir adiante e fazê-lo. É muito mais barato do que começar uma guerra - disse Roberston na noite de segunda-feira.

O governo da Venezuela reagiu enfurecido, Chávez adotou o desprezo, Washington tentou se distanciar da opinião do pregador e vários líderes religiosos condenaram as palavras de Robertson.

- Fui mal interpretado - afirmou o pastor.

Depois da declaração bombástica, nem o canal de TV que veicula o programa quis se comprometer. Em nota, a emissora pediu desculpas. Disse que é obrigada a apresentar o show para honrar um contrato assinado em 2001. Mas garantiu que não tem controle sobre o conteúdo editorial do programa, que tem, em média, 1 milhão de telespectadores.

Apesar disso, o site de notícias da Christian Broadcast News, numa reportagem sobre a reação internacional às declarações de Robertson, mantém o tom de ataque a Chávez, opondo-o aos interesses americanos. "Chavez acredita que está numa luta contra o diabo. Mas o diabo com que Chávez luta não mora no inferno. Chávez acredita que o diabo mora em Washington", diz a reportagem.

Na África, um grupo que representa 120 milhões de cristãos de 39 países do continente condenou abertamente as palavras do televangelista.

- Não importa como você tenta justificar isso, o pedido público de Robertson de que os EUA matem Chávez é simplesmente uma traição trágica do Evangelho - disse Mvume Dandala, secretário-feral da Conferência de Igrejas de Toda a África, em Nairóbi. - Robertson cometeu o erro de acreditar que um ramo do extremismo de direita é equivalente ao Evangelho.

Chávez, que estava em Cuba quando eclodiu a controvérsia, na terça-feira, disse que não sabia quem era Pat Robertson e tentou não dar importância ao fato, pedindo ao pastor que "fale de vida". Mas Fidel Castro, a seu lado, disse que "somente Deus pode castigar delitos de tal magnitude".

Condenações veementes, porém, também partiram de dentro dos EUA. O pastor Jesse Jackson, que é militante do Partido Democrata, repudiou as declarações e instou a Casa Branca a condená-las. Ele disse que Bush e a secretária de Estado dos EUA "não podem ficar em silêncio" e que os comentários de Robertson são "moralmente degenerados".

O embaixador da Venezuela em Washington, Bernardo Alvarez, disse que as palavras do pastor "exigem a mais forte condenação da Casa Branca". O representante de Caracas na ONU, Fermín Toro Jiménez, disse que era de se esperar algo assim dos setores mais conservadores dos EUA, cuja sociedade, segundo ele, está parcialmente degradada "pela violência e o fundamentalismo de corte fascista".

O secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que os comentários partiram de um cidadão privado e sua opinião não é compartilhada pelo governo.

- Os cidadãos privados dizem esse tipo de coisa o tempo todo - afirmou Rumsfeld, tentando minimizar a importância dos comentários.

O Departamento de Estado disse, através de um porta-voz, que os comentários do televangelista eram "inadequados".

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