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O longo julgamento dos terroristas responsáveis pelos atentados de 11 de março de 2004 em Madri, reivindicados pela rede Al-Qaeda e que deixaram 191 mortos e 1.841 feridos, foi concluído nesta segunda-feira à noite, com os últimos protestos de inocência dos 28 acusados.

"O julgamento entrou na fase de deliberação", declarou o juiz.

Sem fixar uma data, o magistrado espanhol e presidente da Audiência Nacional (o tribunal antiterrorista do país), Javier Gómez Bermúdez, concluiu esta noite o processo sobre o mais sangrento ataque terrorista já cometido na Espanha.

Fontes judiciárias disseram que a sentença deve ser divulgada em outubro.

"Obrigado a todos por sua atenção e colaboração", disse simplesmente Gómez Bermúdez para terminar a audiência.

O marroquino Jamal Zougam, acusado de colocar uma das bombas nos quatro trens suburbanos atacados, fez um apelo aos jurados: "peço a vocês justiça, mas não a justiça como alguns entendem, como vingança, porque não há qualquer prova que demonstre que tenho algo a ver com este terrível acontecimento. Sou vítima de alguns meios de comunicação e de políticos (...) para dizer que foram os islâmicos".

Ao todo, a Promotoria pede para os 28 acusados penas que somam 311.865 anos de prisão.

Em junho, o tribunal inocentou o marroquino Brahim Moussaten, por falta de elementos tangíveis para acusá-lo.

"Sou inocente dos atentados de Madri", disse outro acusado, o marroquino Hassan El Haski, que liderou na Europa o Grupo Islâmico Combatente Marroquino (GICM), envolvido nos atentados de maio de 2003 em Casablanca (45 mortos) e ligado à Al-Qaeda.

El Haski, um dos sete principais acusados pelos ataques, pediu que o tribunal "aplique a justiça" e o absolva.

Outro suposto autor intelectual dos ataques, o egípcio Mohamed Rabei Ousmane Sayed Ahmed, também conhecido por "Mohammed, o Egípcio", disse simplesmente: "vou me contentar com o que disse meu advogado, mas gostaria de pedir que se faça justiça".

O marroquino Youssef Belhadj, detido em fevereiro de 2005 na Bélgica, acusado de ser "Abou Doujanah, o Afegão", porta-voz da Al-Qaeda na Europa, que apareceu em um vídeo reivindicando os ataques do 11 de Março, também considerou "suficientes" as palavras de seu advogado.

Outro marroquino, Rafa Zouhier, informante da polícia espanhola, usou a palavra para condenar "de forma clara e contundente" os atentados, como também fez sua compatriota Aughar Fouad El Morabit: "quero condenar energicamente os atentados do 11 de Março, assim como todas as demais ações terroristas".

Segundo a acusação, os ataques foram realizados em nome da Al-Qaeda para punir a Espanha por sua participação na guerra do Iraque, decidida pelo então governo conservador de José María Aznar (1996-2004).

A tese de que a organização separatista basca ETA estaria por trás dos ataques, como defendiam alguns setores e meios de comunicação conservadores, não teve qualquer respaldo nas provas apresentadas.

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