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Ativistas protestam em frente do local onde se realiza a conferência sobre clima das Nações Unidas, em Durban | Alexander Joe/AFP
Ativistas protestam em frente do local onde se realiza a conferência sobre clima das Nações Unidas, em Durban| Foto: Alexander Joe/AFP

Meio ambiente

Brasil oscila entre preservar e crescer

O Brasil vive o dilema de encontrar o equilíbrio entre proteger sua riqueza natural e se desenvolver como potência emergente. A presidente Dilma Rousseff resumiu a questão há uma semana: "talvez sejamos o único país do mundo que tem condições de ser uma potência agrícola e energética, sem deixar de ser uma potência da biodiversidade e de respeito ao meio ambiente".

Ecologistas duvidam dessa boa intenção. "Dilma, não destrua nossas florestas", diziam cartazes durante um protesto, ontem, em Brasília. O país, um grande emissor de gases de efeito estufa por causa do desmatamento, apresentou à conferência climática de 2009 um ambicioso compromisso de diminuir suas emissões e o desmatamento na Amazônia em 80%. Em poucos anos, o Brasil reduziu drasticamente seu desmatamento, de 21 mil km2 de selva devastada em 2005 para 7 mil km2 em 2010. Mas se o Congresso aprovar a reforma do Código Florestal, o país pode deixar sem proteção ou livre de reflorestamento uma área equivalente à metade do Peru.

AFP

O mundo está ficando mais quente, e 2011 é um dos anos com mais calor já registrado, segundo um relatório divulgado ontem pela Organização das Nações Uni­­das. A Organização Meteorológica Mundial (OMM, um órgão da ONU) concluiu que os 13 anos com maior temperatura global foram todos registrados desde 1997, e que isso contribuiu com a maior intensidade das secas e chuvas.

"Nossa ciência é sólida e prova inequivocamente que o mundo está se aquecendo e que isso se deve a atividades humanas", disse o subsecretário-geral da OMM, Jerry Lengoasa, em Durban.

Neste ano, o clima mundial foi muito influenciado pelo fenômeno La Niña, que surgiu de forma inesperada no Pacífico tropical no segundo semestre do ano passado. Esse resfriamento natural das águas oceânicas geralmente causa uma intensificação dos padrões climáticos na Ásia/Pacífico, Amé­­rica do Sul e Ásia. O La Niña de 2010 foi um dos mais fortes dos últimos 60 anos, e está associado às secas no leste da África, em ilhas do Pacífico equatorial central e nos EUA, além de inundações em outros lugares do planeta.

A divulgação do relatório coincide com a conferência climática anual da ONU, que começa nesta semana em Durban (África do Sul). Ao contrário do que ocorreu nas conferências dos anos anteriores, em Copenhague e Cancún, desta vez há pouca expectativa de que a reunião resulte na adoção de um novo tratado climático global, para vigorar a partir de 2013.

De acordo com o relatório, o acúmulo de gases do efeito estufa desgastou as calotas de gelo dos polos e deixou o mundo próximo de mudanças irreversíveis nos seus ecossistemas. "As concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera atingiram novos recordes", disse, em nota, o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. "Elas estão rapidamente se aproximando de níveis consistentes com o aumento de 2°C a 2,4°C nas temperaturas globais médias."

A Rússia foi o país que experimentou a maior variação de temperatura em relação à média mun­­dial. Em algumas regiões, a temperatura foi 4°C acima do normal.

Bolivarianos criticam países desenvolvidos por emissão de gases

Um bloco de governos esquerdistas latino-americanos manifestou ontem sua oposição à ideia de adiar para 2020 a adoção de um novo tratado climático de cumprimento obrigatório, e acusou os países desenvolvidos de não fazerem sua parte no combate ao aquecimento global. A Alian­­ça Bolivariana para as Amé­­ricas (Alba) defende que os países in­­dustrializados, responsáveis pela maior parte das emissões de ga­­ses do efeito estufa ao longo da história, devem fazer cortes mais incisivos nessas emissões.

O grupo também pretende reabrir as discussões sobre a formação do Fundo Climático Ver­­de, destinado a ajudar as nações em desenvolvimento a enfrentarem a mudança climática, com doações que deveriam chegar a US$ 100 bilhões por ano em 2020. O bloco é composto por Ve­­nezuela, Bolívia, Equador, Cuba, Nicarágua, Antígua e Barbuda, Dominica e São Vicente e Gra­­na­­dinas.

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