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Vídeo:| Foto: Antônio Costa / Gazeta do Povo

Tremor foi sentido no Brasil

Moradores do Amazonas contam que sentiram a vibração de paredes e móveis. Muitos já estavam se preparando para dormir quando foram surpreendidos pelo tremor.

O Corpo de Bombeiros recebeu pelo menos dez chamadas em várias regiões de Manaus. No primeiro momento, a maior preocupação era com a estrutura dos prédios, mas, apesar do susto, não há registro de feridos.

O número de mortos do terremoto que atingiu o peru na noite de quarta-feira chegou a cerca de 500, segundo um novo balanço divulgado por Roberto Ocño, comandante do Corpo de Bombeiros. Equipes de resgate continuam trabalhando e vasculhando nesta quinta-feira casas e igrejas destruídas pelo violento tremor, que feriu pelo menos 1.600 pessoas. O abalo provocou a interrupção de estradas e o corte no fornecimento de energia para milhares de pessoas. A Defesa Civil disse que o terremoto, de magnitude 7,9, pode ter deixado um número ainda maior de vítimas.

Muita gente teve de dormir fora de casa na região litorânea de Ica, ao sul de Lima, a parte mais afetada, e onde houve vários tremores secundários. O abalo sísmico também sacudiu prédios em Lima, e gerou alertas de tsunami para o Peru, Chile, Equador e Colômbia, que posteriormente foram cancelados pelo Centro de Alertas de Tsunami do Pacífico.

O tremor foi sentido por volta das 18h40 (20h40 pelo horário de Brasília). Segundo o Centro de Estudos Geológicos dos Estados Unidos, o abalo sísmico teve seu epicentro próximo à cidade costeira de Chincha Alta, 160 quilômetros ao sul da capital, Lima. Cerca de um minuto depois, a terra voltou a tremer no país, por cerca de 20 segundos. Este foi o pior terremoto da recente história peruana. O passado do Peru é marcado por terremotos, com o primeiro registro em 1555.

- A primeira impressão da equipe é que o dano é severo, especialmente nas casas - disse Giorgio Ferrario, representante na América do Sul da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

Um bombeiro afirmou que pelo menos quatro pessoas ficaram presas sob os escombros da torre principal da igreja do Señor de Luren, na cidade de Ica (120 mil habitantes).

As equipes de resgate tiveram dificuldades para chegar a Ica devido ao surgimento de rachaduras na pista da rodovia Pan-Americana, que acompanha o litoral peruano. Algumas estradas foram interrompidas também por deslizamentos de rochas.

- Eu estava com meus filhos quando o movimento começou, e aí as paredes desabaram. Minha casa ficou destruída - disse Milagros Meneses, de 35 anos, na cidade de Cañete, ao sul de Lima, onde houve pelo menos dois mortos. - O hospital me deu uma tenda para as minhas crianças dormirem.

Fogueiras para aquecer

Em Imperial, um bairro pobre de Cañete, as pessoas acenderam fogueiras dentro das ruínas das suas casas para se aquecer durante a noite. Também havia pessoas dormindo em praças, no estádio e na arena de touradas. As autoridades locais pediram o envio de cobertores e comida.

- A situação é critica em Imperial. Cerca de 80% das casas de barro caíram, e casas de material mais forte também desabaram - disse o prefeito Richard Yactayo.

Em Lima, funcionários engravatados corriam pelas ruas temendo o desabamento de arranha-céus depois das duas ondas de tremores, com 20 segundos cada, aproximadamente. A capital ficou às escuras, vitrines foram estilhaçadas e os celulares saíram do ar. Era possível ouvir muitas ambulâncias pelas ruas. O acesso ao aeroporto internacional ficou congestionado.

- Eu senti um forte tremor, livros caíram das estantes, quadros caíram das paredes, e eu fui para uma zona de segurança - disse o correspondente da BBC em Lima, Dan Collyns. - Felizmente eu moro em um prédio que foi especialmente construído para resistir a terremotos, que são comuns em Lima e em outras regiões do Peru. Mas acredito que em outras áreas da capital, onde muitos prédios são de baixa qualidade, haverá muitos danos.

Emissoras de rádio locais informaram a ocorrência de um incêndio num distrito de Lima; várias construções precárias na cidade de Pisco, próxima ao epicentro, teriam desmoronado.

- As pessoas se abraçaram chorando de medo nas ruas - disse Cristyane Marusiak, uma moradora de Lima de 31 anos.

- Eu estava jogando futebol quando o terremoto aconteceu. Corri de volta para o escritório porque sou o chefe de segurança. Agora vou ver minha família - disse Juan Francisco Acevedo, 29 anos, que trabalha numa empresa de Internet em Lima.

Os especialistas americanos dizem que terremotos com magnitude superior a 7 normalmente provocam vítimas. A região dos Andes tem muitas falhas tectônicas. Leia sobre os maiores terremotos no mundo desde 1990

A maior parte da produção mineral do Peru, motor da economia nacional, fica longe da zona do terremoto.

Pêsames e ajuda aos parentes

Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira pelo Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva presta solidariedade ao presidente do Peru, Alan García .

O presidente Alan García enviou pêsames a parentes das vítimas e disse que o país escapou de "uma catástrofe com um imenso número de vítimas". Em 1970, cerca de 50 mil peruanos morreram soterrados por gelo e lama na localidade de Yungay, como resultado de um dos terremotos mais fatais da história.

Papa reza pelas vítimas

O Papa Bento XVI rezou pelas vítimas da tragédia e fez um apelo por ajuda imediata aos feridos e desabrigados.

"(O papa) incentiva as instituições e pessoas de boa vontade a oferecer ajuda necessária aos afetados, com um espírito de solidariedade e caridade cristã", disse o Vaticano em um telegrama, assinado pelo secretário de Estado da Santa Sé, Tarcisio Bertone.

O Parlamento Andino também expressou sua solidariedade com o Peru, um de seus países-membros. O órgão interparlamentar, que tem sua sede executiva em Bogotá, se solidarizou com o povo peruano através de seu secretário, o equatoriano Rubén Vélez Núñez.

- Os países-membros da Comunidade Andina e os órgãos e instituições do Sistema Andino de Integração devemos unir nossos esforços para demonstrar ao povo peruano uma grande solidariedade acompanhada de ajudas materiais e programas de infra-estrutura que permitem superar os empecilhos deixados pelo terremoto - afirmou.

- Somos uma comunidade, não só de Direito, mas de irmãos unidos por um passado histórico comum, um legado cultural, e uma incomensurável riqueza humana, com a qual trabalharemos para levantar nossos cidadãos andinos do Peru, que sofreram os devastadores prejuízos deste terremoto - acrescentou.

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