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A população do Timor Leste compareceu às urnas neste sábado (17) para uma eleição presidencial que transcorreu sem problemas, demonstrando a capacidade desta jovem democracia de assegurar a própria paz, no momento em que as tropas da ONU preparam a retirada do país.

"Não tivemos violência", comemorou o presidente José Ramos Horta, que disputa um segundo mandato.

Os locais de votação fecharam as portas na tarde deste sábado, em um um pleito considerado um teste. As seções eleitorais ficaram abertas das 7h (19h de Brasília na sexta-feira) às 15h.

A votação é apenas a segunda do Timor Leste, que tem apenas 10 anos, e a primeira supervisionada pelas forças de segurança locais, que assumiram a responsabilidade pela segurança no ano passado.

Os cerca de mil capacetes azuis ainda presentes em Timor Leste deixarão o país no final deste ano.

No total, 620.000 eleitores estavam registrados para votar em 12 candidatos, incluindo o atual presidente, José Ramos-Horta, prêmio Nobel da Paz.

Entre os demais candidatos há um ex-guerrilheiro que a ONU recomenda julgar e um ex-ministro condenado por homicídio.

O segundo turno deve ocorrer em meados de abril, se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta neste sábado.

Em junho próximo haverá eleições legislativas para compor o Parlamento.

Em um continente que frequentemente gera inveja no resto do mundo, mais da metade dos timorenses vive abaixo da linha da pobreza, e uma porcentagem igual se mantém no analfabetismo.

Descolonizado de Portugal em 1975, o país foi invadido pela Indonésia apenas três dias mais tarde, dando início a 24 anos de conflito. Segundo uma comissão independente, cerca de 200 mil pessoas foram assassinadas, ou quase um quarto da população timorense na época.

A ONU situou o país sob mandato em 1999, após a saída das tropas indonésias, e isso permitiu sua independência três anos mais tarde, em 2002.

A história do país continuou marcada pela violência, mas Timor Leste vive em calma há vários anos, e por essa razão a ONU anunciou a retirada de seus soldados no fim deste ano, o mesmo que será feito pelas forças australianas.

O novo presidente terá que lutar para que seu país permaneça em paz.

"Se tudo ocorrer de forma pacífica, isso mostrará que estamos prontos", explicou Aderito Hugo da Costa, deputado do CNRT (centro-esquerda), partido presidido pelo atual primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

Esta calma retoma as esperanças de desenvolvimento, que se alimenta das reservas de combustíveis explorados na ilha. Um fundo de 9 bilhões de dólares foi criado com recursos provenientes de petróleo e gás.

A utilização destes recursos foi o tema central da campanha, em uma discussão que deverá continuar até as eleições legislativas.

"Nos últimos quatro ou cinco anos, cerca de um bilhão de dólares foi colocado na economia. Mas olhe em volta. Para onde foi esse dinheiro?", disse Francisco 'Lu Olo' Guterres, líder do partido Fretilin (esquerda, maior força da oposição).

"É a corrupção", lamenta o candidato.

Entre os 12 aspirantes presidenciais em disputa, Lu Olo é o favorito. O atual presidente, José Ramos Horta, ícone da luta da independência e Prêmio Nobel da Paz em 1996, venceu com facilidade as eleições de 2007, contra o mesmo Lu Olo.

Desta vez, no entanto, terá mais dificuldades, já que, diferentemente de 2007, não terá o apoio do partido CNRT, que preferiu defender a candidatura do ex-comandante do Exército general Taur Matar Ruak.

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