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Membros da comunidade judaica se reúnem em frente ao mercado kosher um dia após tiroteio, 11 de dezembro de 2019
Membros da comunidade judaica se reúnem em frente ao mercado kosher um dia após tiroteio, 11 de dezembro de 2019| Foto: Rick Loomis/ Getty Images/ AFP

Os atiradores que provocaram um confronto com a polícia que durou horas e deixou seis mortos, incluindo os suspeitos, em Jersey City (EUA), na terça-feira, teriam premeditadamente escolhido como alvo o mercado kosher (de produtos judaicos) que foi o cenário do tiroteio, disse o prefeito da cidade nesta quarta-feira (11). A imprensa americana relata que um dos suspeitos teria ligações com uma organização antissemita.

Os criminosos começaram a atirar em um cemitério da cidade, matando um policial veterano, e depois foram com uma van roubada até o mercado judaico, onde abriram fogo novamente.

Enquanto a investigação está em andamento, as autoridades envolvidas no caso estavam hesitantes em identificar os motivos do crime. Os corpos dos suspeitos foram encontrados entre centenas de cartuchos ao lado dos corpos da dona da loja, de um cliente e de um funcionário.

Mas líderes judeus rapidamente descreveram o ataque como um ato de ódio; os prefeitos de Jersey City, Steven Fulop, e de Nova York, Bill de Blasio, fizeram declarações públicas condenando o antissemitismo.

A imprensa americana relata que um dos suspeitos, identificado como David Anderson, de 47 anos, pode ter ligações com o movimento Black Hebrew Israelites (Israelitas negros hebreus), considerado um grupo de ódio. A outra suspeita é Francine Graham, 50 anos.

Segundo o New York Times, a polícia afirmou que Anderson postou mensagens antissemitas e contra a polícia em fóruns da internet no passado.

Um texto em formato de manifesto foi encontrado na van usada no crime. Mas o policial disse aos jornalistas que o texto era desconexo e não revelava uma motivação clara para o ataque.

De maneira geral, os membros do Black Hebrew Israelites acreditam que as doze tribos de Israel definidas no Velho Testamento são diferentes grupos étnicos, ou nações, e que os brancos não estão entre eles.

"Eles veem judeus como impostores", disse ao New York Times Heidi Beirich, diretora de um instituto de pesquisa nos EUA que monitora grupos extremistas e descreve o Black Hebrew Israelites como um grupo de ódio. Beirich acrescentou que o grupo não é conhecido por cometer atos de violência em massa, no entanto.

Como foi o caso

De acordo com os investigadores, o detetive da polícia de Jersey City, Joseph Seals - pai de cinco filhos que trabalhava para tirar armas das ruas - aproximou-se de uma van por volta do meio-dia da terça-feira porque havia registro de que o veículo tinha sido roubado e estava ligado a um caso de homicídio no fim de semana. Não está claro se um ou os dois atiradores dispararam contra Seals, mas as autoridades disseram que ele foi morto perto do cemitério de Bayview.

O prefeito Steven Fulop disse aos repórteres que os atiradores foram com a van diretamente ao mercado kosher, a cinco minutos do local. Imagens de câmeras de segurança mostram a van reduzindo a velocidade em frente à loja e parando no meio da rua, disse Fulop. Um homem saiu do veículo com dois rifles longos, disse ele, e "começou a disparar da rua para a loja".

Policiais que trabalhavam nas proximidades chegaram ao local por volta das 12h30, sob tiros de fuzis de alta potência, disseram as autoridades. Durante horas, a polícia e os suspeitos trocaram tiros, forçando centenas de crianças a ficarem presas nas escolas próximas. Dois outros policiais foram baleados e depois liberados do hospital.

Às 15h25, um veículo policial blindado entrou na loja e 22 minutos depois o tiroteio terminou, disseram as autoridades. Os policiais encontraram os corpos de cinco pessoas dentro da loja.

Na tarde de quarta-feira, duas das pessoas mortas no tiroteio foram identificadas como Mindy Ferencz, dona do supermercado com seu marido, e Moshe Deutsch, 24 anos, filho de um membro do conselho da United Jewish Organizations.

Antissemitismo cresce nos EUA

De acordo com a auditoria anual da Liga Anti-Difamação, em 2017, houve um aumento de 90% nos casos de antissemitismo na cidade de Nova York em relação ao ano anterior. Em 2018, 13 dos 17 relatos de ataques antissemitas na cidade de Nova York ocorreram no Brooklyn.

Em 2019, os crimes de ódio antissemita na cidade de Nova York aumentaram 63%, de acordo com o Departamento de Polícia de Nova York, com uma onda de crimes violentos contra judeus ortodoxos nos bairros do Brooklyn - um aumento que refletia os dados coletados pela Liga Anti Difamação.

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