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Bagdá (Folhapress) – A proibição do trânsito de veículos em Bagdá, associada ao toque de recolher, impôs uma calma relativa às ruas da capital ontem, dia oficial de os muçulmanos irem à mesquita para suas orações coletivas. Mas nem por isso a violência sectária que tomou o Iraque há dez dias cessou, e mais de 20 pessoas foram mortas em ataques pelo país. Pressionado, o governo começa a lançar mão de recursos antes impensáveis para controlar a situação: ontem, parte da segurança na capital migrou para as mãos de uma milícia xiita — algo que os EUA temem que, num efeito reverso, alimente as tensões entre os diferentes grupos etno-religiosos.

O Exército Mehdi chegou a participar de ataques contra árabes sunitas depois da explosão de uma importante mesquita xiita em Samarra, no dia 22, mas seu líder, o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, depois ordenou que a retaliação fosse suspensa.

Na noite de quinta-feira, após um atentado no populoso bairro xiita de Sadr City, a polícia de Bagdá e os assessores do clérigo anunciaram que a milícia ajudaria as forças do governo a patrulhar a cidade. Os árabes sunitas desaprovaram a decisão, pois acusam as milícias de serem as principais responsáveis pelos ataques sectários.

A explosão da Mesquita Dourada, em Samarra, fez detonar a rivalidade que já vinha se acirrando no Iraque desde a queda de Saddam Hussein, em 2003. Duas coisas estimulam especialmente as divisões: tensões latentes sob o ex-ditador – que privilegiou a minoria de árabes sunitas, como ele, e reprimiu a maioria árabe–xiita e os iraquianos de etnia curda – e o fato de os árabes sunitas terem se isolado da política e passado a fomentar a insurgência após a queda de Saddam, quando eleições diretas levaram os xiitas ao poder.

Ontem, os piores ataques ocorreram nas cercanias de Bagdá. Em Nahrawan, cerca de 50 homens armados invadiram uma usina elétrica e atearam fogo ao local. Numa subseqüente troca de tiros com guardas da instalação, pelo menos nove pessoas morreram. Em Maamil, dez funcionários árabe-xiitas de uma fábrica de tijolos foram assassinados durante o sono.

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