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Trinta e cinco torcedores de futebol turcos foram a julgamento nesta terça-feira (16) acusados de tentarem realizar um golpe de Estado durante as manifestações em massa do ano passado, em um caso que a oposição e grupos de direitos humanos dizem ser um abuso do sistema de Justiça cometido pelo governo em busca de vingança.

Os promotores querem a pena de morte para todos os réus, membros de uma torcida do time Besiktas, de Istambul. Eles foram acusados de ajudarem a organizar os protestos que irromperam na Praça Taksim, em Istambul, em maio de 2013, e que se tornaram um grande desafio ao então primeiro-ministro, Tayyip Erdogan.

Erdogan, eleito presidente em agosto, prometeu caçar os "traidores" por trás das manifestações e do escândalo de corrupção que emergiu pouco mais de seis meses depois, dois eventos que ele classificou como um movimento orquestrado para derrubá-lo.

O julgamento começou dois dias atrás, depois de a Turquia despertar críticas em todo o mundo pela detenção policial de figuras proeminentes da mídia, o que Erdogan disse ser uma reação às "operações sujas" de seus inimigos políticos.

O indiciamento acusa os torcedores de tentarem ocupar o escritório de Erdogan em Istambul, próximo do estádio do Besiktas, "para criar a aparência de que uma fraqueza na autoridade emergiu no país" e para conduzir a mídia estrangeira para as áreas dos protestos.

"Eles tentaram criar uma imagem evocando mudanças de governo em alguns países do Oriente Médio conhecidas como ‘Primavera Árabe’ e almejaram derrubar o governo legalmente estabelecido da República Turca usando métodos ilegais", afirma o indiciamento.

Os membros da torcida organizada Çarsi tiveram um papel de destaque nas manifestações, que atraíram uma multidão de centenas de milhares de pessoas em toda a Turquia. Um slogan antipolícia era entoado com frequência durante as partidas, e, em uma ocasião, torcedores da Çarsi avançaram com uma escavadeira rumo a fileiras de policiais.

Os tumultos começaram como um protesto pacífico contra a demolição do Parque Gezi, um trecho da Praça Taksim, mas se espalharam por toda a nação depois da repressão brutal da polícia. Desde então, os promotores iniciaram uma série de casos contra os envolvidos.

Autoridades do governo vêm repetindo que o Judiciário é independente e que os elementos criminosos entre os manifestantes devem ser levados à Justiça. Pelo menos seis deles e um policial morreram e centenas de pessoas ficaram feridas durante os tumultos.

No indiciamento, os promotores mencionaram a apreensão de máscaras antigás, sinalizadores e armas de fogo como prova contra os torcedores. Eles também citaram pagamentos arranjados por um réu para comprar almôndegas e pizza "para indivíduos na área de protesto".

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