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Funcionários trabalham na construção de casas em Milpitas, na Califórnia | David Paul Morris / Bloomberg
Funcionários trabalham na construção de casas em Milpitas, na Califórnia| Foto: David Paul Morris / Bloomberg

Os trabalhadores dos EUA estão vendo o maior aumento salarial nominal em uma década, informou o Departamento do Trabalho naquarta-feira (31). As empresas têm competido mais pelos empregados do que nos últimos anos. 

Os salários tiveram 2,9% de aumento de setembro de 2017 para setembro de 2018, de acordo com o Índice de Custos de Emprego do Departamento do Trabalho, uma medida de pagamento amplamente observada que não leva em conta a inflação. Esse é o maior aumento – não ajustado pela inflação – desde o ano que terminou em setembro de 2008, quando os salários subiram 3,1%. 

Quando ajustados pela inflação, os aumentos salariais foram maiores em 2015 e 2016 do que são agora, de acordo com o Índice de Custo de Emprego. Naqueles anos, os salários só cresciam entre 2% e 2,5% ao ano, mas a inflação permanecia baixa. Os preços também aumentaram no ano passado, especialmente para gás e aluguel, mas os salários estão superando a inflação por uma margem significativa. A inflação anual foi de 2,3% em setembro, segundo o Departamento do Trabalho. 

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O lento crescimento salarial tem sido um dos maiores problemas nessa recuperação, mas os empregadores estão finalmente tendo que aumentar os salários para um nível mais normal, tipicamente visto durante os bons tempos econômicos. O desemprego está em uma baixa de 49 anos e há mais vagas de emprego do que americanos desempregados, o que força as empresas a lutar pelos trabalhadores disponíveis. 

“Os salários estão subindo à medida que o mercado de trabalho continua se apertando”, disse Justin Weidner, economista do Deutsche Bank. “O crescimento dos salários provavelmente será de mais de 3% novamente em breve”. 

Na sexta-feira, o Departamento do Trabalho divulgará a outra métrica salarial mais aguardada: o salário médio por hora. Muitos economistas esperam que o número seja superior a 3% pela primeira vez desde abril de 2009. 

“Qual é a temperatura do mercado de trabalho? Quente o suficiente para os empregadores desembolsarem mais dinheiro para que os trabalhadores venham trabalhar para eles”, escreveu Chris Rupkey, economista-chefe do MUFG Union Bank, em uma nota aos clientes. 

Enquanto os americanos caminham para as eleições na próxima semana, a confiança do consumidor está no nível mais alto desde 2000, em grande parte porque as pessoas sentem que as oportunidades de trabalho são abundantes, mostrou a Pesquisa de Confiança do Consumidor do Conference Board, uma organização de pesquisa. 

Em um sinal de que as empresas estão lutando para encontrar funcionários, apenas 23% das empresas disseram que suas empresas não estão tendo problemas para contratar, em comparação com os 42% de um ano atrás, segundo uma pesquisa divulgada pela National Association for Business Economics. 

Mais da metade das pequenas empresas dizem que conseguem encontrar poucos, se é que encontram algum, candidatos qualificados para suas posições abertas, de acordo com a última pesquisa da Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB). Os pequenos empresários dizem que planejam aumentar a remuneração dos funcionários nos próximos meses no ritmo mais rápido desde o início da pesquisa da NFIB, na década de 1980. 

O aumento salarial cresceu constantemente no ano passado, de acordo com o Índice de Custos de Emprego. De setembro de 2016 a setembro de 2017, os salários e vencimentos aumentaram 2,5%, informou o Departamento do Trabalho. 

Alguns argumentaram que as empresas estavam evitando o aumento de salários porque estavam tendo que investir mais em benefícios, mas o Índice de Custo de Emprego também registra os custos de benefícios, e esses não aumentaram tanto quanto os salários. Os benefícios cresceram 2,6% no ano que terminou em setembro de 2018, contra 2,4% no ano anterior. 

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O presidente Donald Trump tem levado os créditos pela economia forte e frequentemente gosta de exibir o baixo desemprego e o sólido crescimento dos empregos na sua campanha antes das eleições de novembro. Economistas dizem que suas políticas merecem algum crédito por provocar um crescimento mais rápido, mas o desemprego vem caindo constantemente há oito anos e os salários estão subindo gradualmente. 

“Não se trata dos cortes de impostos. Trata-se do aperto gradual no mercado de trabalho, forçando os empregadores a pagar mais”, disse Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Marcoeconomics. “Não há dúvida de que a tendência está aumentando, mas não estamos explodindo. Ainda estamos em uma fase de aumento gradual e incremental”. 

Trump fez campanhas pesadas para trazer de volta empregos de operários. Enquanto a manufatura e outras profissões de operários estão vendo um dos maiores crescimentos de empregos desde meados da década de 1980, a remuneração não está aumentando. A maior parte do crescimento salarial no Índice de Custos de Emprego é proveniente de empregos no setor de serviços. O pagamento no “setor produtor de bens” na verdade desacelerou no ano passado, observa Michael Pence, economista sênior da Capital Economics nos EUA. 

Para Azoria Morales, mãe solteira de dois meninos, de 8 e 10 anos, que trabalha como arrumadeira em St. Louis, ganhando US$ 8,50 por hora, os aumentos salariais são muito esperados. Ela recentemente teve que substituir o alternador em seu carro, uma despesa inesperada que a fez ter que dizer a seus filhos que ela não poderia pagar para que eles jogassem no campeonato de futebol juvenil nesta temporada. 

“Colocar comida na mesa é uma luta constante. Eu iria estudar para ser assistente de dentista, mas eu estive em um acidente de carro que resultou em danos nos nervos da minha mão”, disse Morales, que tem 28 anos. “Eu faço o melhor que posso com o que tenho. Os custos continuam subindo, mas meus salários não mantiveram o ritmo”.

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