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Premiados pedem acordo para "revolução energética"

Potsdam – Cinqüenta cientistas, dentre os quais 15 vencedores do prêmio Nobel, apresentaram ontem um memorando no qual convocam todos os países industrializados a assinar um acordo internacional contra o aquecimento global, que abra caminho para uma "grande revolução energética".

O documento será entregue pelo diretor-geral do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), Rajendra Pachauri, à secretaria da Conferência sobre o Clima da ONU, que será realizada em dezembro, em Bali, na Indonésia. No memorando, que resume dois dias de discussões sobre os efeitos do aquecimento global e as maneiras de suavizá-los, os Nobel afirmaram que, caso não haja uma atuação rápida e global, "o mundo estará fadado ao apocalipse".

Os quinze laureados – entre eles o descobridor do buraco da camada de ozônio, o mexicano Mario Molina – concordaram que a única maneira de evitar essa situação é "reinventar o metabolismo industrial" e iniciar "um Plano Marshall mundial".

Estocolmo – O alemão Gerhard Ertl ganhou o Prêmio Nobel de Química ontem, dia em que completou 71 anos, em reconhecimento a um trabalho que contribuiu para a redução da poluição de automóveis e o estudo do buraco na camada de ozônio. A Real Academia Sueca de Ciências disse que o trabalho de Ertl sobre a química de superfícies destacou reações específicas – como a formação de amônia na produção de fertilizantes químicos – e estabeleceu as bases para toda uma pesquisa de campo. "Suas percepções forneceram a base científica para a moderna química de superfícies: sua metodologia é usada tanto na pesquisa acadêmica quando no desenvolvimento industrial de processos químicos", afirmou a academia, justificando o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (1,54 milhão de dólares).

Cientistas dizem que seu trabalho apressou o surgimento de novos catalisadores, úteis na redução da poluição dos automóveis, e contribuiu na produção de fertilizantes e remédios.

Ertl foi diretor do Instituto Fritz-Haber da Sociedade Max-Planck para o Avanço da Ciência, de Berlim. Ele disse a uma rádio sueca que sua maior surpresa é não ter dividido o prêmio. Ele contou como foi informado de que havia virado um Nobel: "Estava sentado na minha mesa, trabalhando na revisão de um manual que acabo de editar. É a culminação de uma vida como cientista. É um sonho. E é claro que eu preciso me convencer de que é verdade." Nascido num subúrbio de Stuttgart em 10 de outubro de 1936, Ertl já havia recebido o prestigioso Prêmio Japão em 1992 e o Prêmio Wolf de Química seis anos depois. "Ele resolveu como se estudam reações químicas numa escala em que há uma única camada de moléculas de gás presas a uma superfície sólida", disse Mark Peplow, editor da revista Chemistry World, da Real Sociedade de Química da Grã-Bretanha.

O comitê do Nobel disse que a química de superfícies ajuda a explicar a destruição da camada de ozônio, já que etapas cruciais da reação na verdade ocorrem na superfície de pequenos cristais de gelo na estratosfera. Esse ramo da ciência também ajuda a entender porque o ferro enferruja e é usado ainda na indústria dos semicondutores, segundo a academia.

Este é o terceiro Nobel anunciado neste ano, depois dos prêmios de Medicina (segunda-feira) e Física (na terça). Hoje e amanhã serão os dias dos Nobel de Literatura e Paz, respectivamente.

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