• Carregando...
Multidão se dirige à sede do Ministério do Interior do Egito, no Cairo, para protestar contra a falta de segurança em estádio de futebol onde foram mortas 74 pessoas durante tumulto na cidade de Port Said | Mahmud Hams/AFP
Multidão se dirige à sede do Ministério do Interior do Egito, no Cairo, para protestar contra a falta de segurança em estádio de futebol onde foram mortas 74 pessoas durante tumulto na cidade de Port Said| Foto: Mahmud Hams/AFP

Susto

Tive muito medo, conta jogador brasileiro

O jogador brasileiro Fábio Júnior dos Santos, do Al Ahly, afirmou que ficou com muito medo durante o confronto entre os torcedores do seu time e o Al Masry. "Vi muitos torcedores entrando no nosso vestiário com a perna quebrada", disse Fábio Júnior, 29 anos, em entrevista à Rádio CBN.

Fábio Júnior, que marcou o único gol do seu time na derrota para os anfitriões por 3 a 1, afirmou que o presidente do seu clube declarou que "o futebol no Egito vai acabar se continuar sem segurança".

O último clube de Fábio Júnior no Brasil foi o Campinense, da Paraíba, em 2009. Depois, ele se transferiu para o Naval 1º de Maio, de Portugal.

A confusão aconteceu depois de uma partida entre os times Al Ahly, do Cairo, e Al Masry, de Port Said, local do confronto.

Premiê reconhece ser responsável político por tumulto durante jogo

O primeiro-ministro do Egito, Ka­­mal Ganzuri, reconheceu on­­tem ser o responsável político pela briga de torcidas que aconteceu no estádio na cidade de Port Said, em que pelo menos 74 pessoas morreram.

"Estou disposto a cumprir com qualquer instrução que me peça explicações, porque sei que sou o responsável político", afirmou.

O premiê informou à Câmara Baixa do Parlamento e ao presidente da Federação de Futebol do Egito que destituiu os chefes dos serviços de Segurança e In­­teligência de Port Said após a tragédia.

Em uma sessão de emergência da Câmara Baixa, Saad Ka­­tatni, do Partido Liberdade e Jus­­tiça (PLJ), afirmou que "houve advertências do que poderia acontecer que foram enviadas com tempo suficiente, mas es­­ses avisos não alertaram as forças de segurança para fazer seu trabalho".

Ele considerou que o confronto entre torcidas de ontem não é um incidente casual, mas faz parte de uma série de acontecimentos por que passa o país nos últimos meses.

Tor­­ce­­do­­­­res que volta­­ram de Port Said ontem pediam a exe­­cução do chefe dos militares, Mo­­ham­­med Hus­­sein Tan­­tawi, em gritos na es­­tação de trem do Cai­­ro.

Tor­­ci­­das organizadas de fu­­tebol fa­­zem cam­­pa­­nha con­­tra o governo militar, que assumiu após a queda do ditador Hos­­ni Mubarak.

Folhapress

O confronto mais sangrento no Egito desde a queda do ditador Hosni Mubarak, há um ano, não começou nas ruas do Cairo, mas acabou reunindo milhares novamente na emblemática Praça Ta­­hrir. E o que, aparentemente, co­­meçou como uma briga entre tor­­cidas, logo ganhou contornos políticos.

Ontem, manifestantes se reuniram para protestar próximo ao Ministério do Interior contra a morte de ao menos 74 pessoas após uma partida de futebol no dia anterior, em Port Said, próximo ao Canal do Suez.

A polícia usou gás lacrimogêneo contra a multidão. Além de torcedores, que carregavam bandeiras dos dois times envolvidos no banho de sangue – o Al Ahly, do Cairo, e o Al Masry, de Port Said –, uniram-se ao protesto manifestantes que já pediam a saída da junta militar do poder.

Os militares são acusados de negligência antes e durante o confronto, permitindo a violência e até a incentivando. Para muitos, o fraco controle de entrada no estádio permitiu que os "ultras", co­­mo são conhecidos os torcedores mais radicais, levassem para dentro fa­­cas e porretes. Vídeos feitos no estádio também mostram se­­gu­­ran­­ças parados em meio à confusão.

O episódio motivou duras de­­clarações da Irmandade Mu­­çul­­mana contra os militares – as duas principais forças políticas hoje no país. "A razão para essa tragédia é a negligência deliberada e a au­­sência dos militares e da polícia", disse Essam el Erian, um dos líderes do Partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade.

Ele acusou as forças de segurança de arquitetar contra a "transição democrática" e preparar uma "vingança" contra os que tentam acabar com a lei de emergência.

O chefe da Junta Miliar, Mo­­ha­­med Hussein Tantawi, prometeu punir os responsáveis – 47 já foram presos. "Temos um roteiro para transferir o poder a civis eleitos. Se alguém está plantando instabilidade no Egito, não vai ter sucesso", disse a uma tevê.

As suspeitas recaem sobre as forças de segurança também por seu cons­­tante atrito com os torcedores do Al Ahly – presença obrigatória nas manifestações que levaram à queda de Mubarak.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]