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O ano do cavalo: lanternas de flores em Cingapura marcam as comemorações do ano novo chinês, a ser celebrado amanhã | Edgar Su/Reuters
O ano do cavalo: lanternas de flores em Cingapura marcam as comemorações do ano novo chinês, a ser celebrado amanhã| Foto: Edgar Su/Reuters

Expressão

Pequim dificulta a vida de jornalistas e persegue correspondente do NYT

Folhapress

Além de aumentar o controle sobre a imprensa local e a censura na internet, o governo também tornou mais difícil o trabalho dos correspondentes estrangeiros baseados no país.

Em nota divulgada ontem, o Clube dos Correspondentes Estrangeiros da China (FCCC, na sigla em inglês) protestou contra a decisão do governo de não renovar o visto de residência do jornalista Austin Ramzy, do New York Times.

Ramzy terá de deixar o país hoje, quando vence o seu visto atual. Ele está há seis meses na China e até junho trabalhava para a revista Time, quando se transferiu para o NYT.

É o terceiro repórter do jornal que tem o visto de residência negado desde que o NYT publicou uma reportagem sobre a fortuna da família do ex-premiê chinês Wen Jiabao, em 2012.

Além disso, o site do jornal está com o acesso bloqueado na China desde então.

O governo chinês disse que Ramzy violou as regras do visto e por isso deve deixar o país, mas o FCCC questiona a alegação, pois outros jornalistas na mesma situação não tiveram o mesmo tratamento.

"Nessas circunstâncias, é difícil evitar a conclusão de que as autoridades estão punindo o New York Times pelos artigos sobre o premiê Wen Jiabao e sua família. Tal comportamento não cumpre os padrões internacionais", diz a nota do FCCC.

Mais dois ativistas chineses foram condenados ontem em um tribunal de Pequim por participarem de campanhas contra a corrupção no governo.

A condenação de Hou Xin e Yuan Dong ocorre três dias após a sentença de quatro anos de prisão imposta a um dos líderes do movimento a que eles pertenciam, o advogado Xu Zhiyong.

Xu, de 40 anos, é o ativista mais influente a ser mandado para a prisão desde a condenação a 11 anos do escritor Liu Xiaobo, em 2009. Liu, que ganhou o Nobel da Paz de 2010, continua preso.

Na decisão anunciada hoje pelo tribunal em Pequim, Hou Xin e Yuan Dong enfrentavam a mesma acusação que levou à sentença de Xu, "reunir pessoas para perturbar a ordem".

Yuan foi condenado a um ano e meio de prisão. Hou, apesar de condenada, escapou da pena de prisão porque o tribunal considerou seus delitos "menos graves".

Yuan e Hou estavam entre os quatro ativistas que exibiram faixas de protesto e fizeram discursos públicos numa movimentada área de Pequim em março do ano passado, exortando as autoridades a revelar seus bens.

Ambos faziam parte do movimento "Novos Cida­dãos", fundado pelo advogado Xu Zhiyong e outros ativistas em 2012, pouco antes da chegada ao poder da nova liderança chinesa, encabeçada por Xi Jinping.

O movimento, que chegou a ter cinco mil membros, pedia transparência no governo e igualdade no sistema de educação, mas esbarrou na intolerância das autoridades a críticas.

Uma campanha de repressão no ano passado resultou na prisão de dezenas de ativistas, muitos do movimento Novos Cidadãos, em meio a uma escalada de repressão a críticos do governo.

Os ativistas afirmam que não desrespeitaram a lei e que as condenações são políticas, destinadas a asfixiar a dissidência no país.

"Eles não apenas são inocentes, como estão entre as melhores e mais extraordinárias pessoas na China", disse à agência Reuters o advogado de Yuan, Chen Jiangang. "Eles são a consciência da China".

Repercussão

A condenação de ativista foi criticada pelos EUA. "Estamos profundamente desapontados", disse Daniel Delk, da embaixada americana em Pequim. A União Europeia e grupos de direitos humanos também criticaram a decisão do governo chinês.

Intolerância

O presidente Xi Jinping lançou uma campanha contra a corrupção que colocou várias autoridades sob investigação e alguns no banco dos réus. Entretanto, o governo chinês se mostra intolerante quando movimentos civis pedem transparência.

Relatório

Na semana passada, um relatório do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (CIJI), afirmou que familiares de vários dirigentes comunistas, entre eles o presidente Xi Jinping, mantêm contas secretas em paraísos fiscais.

Censura

No que parece uma represália, o governo chinês decidiu bloquear no país os sites do CIJI e de jornais que publicaram a investigação implicando os dirigentes da China, entre eles o britânico The Guardian, o francês Le Monde, o espanhol El País e o alemão Sueddeutsche Zeitung.

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