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Revolta

"Trípoli está sob nosso controle", diz filho de Kadafi

O paradeiro do veterano líder líbio é desconhecido depois que os rebeldes assumiram o controle de praticamente toda a capital

O aparecimento de Seif al-Islam representa um golpe contra a credibilidade dos rebeldes | REUTERS/Paul Hackett
O aparecimento de Seif al-Islam representa um golpe contra a credibilidade dos rebeldes (Foto: REUTERS/Paul Hackett)
Obama fez um apelo à cautela ao advertir que os combates

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Obama fez um apelo à cautela ao advertir que os combates

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Seif al-Islam, filho do líder líbio Muamar Kadafi, reapareceu livre na noite de segunda-feira (22) em Trípoli e afirmou que as forças do governo mantêm o controle da capital, ao contrário do que afirma desde ontem uma coalizão rebelde.

"Estou aqui para refutar essas mentiras", bradou Seif al-Islam a um grupo de dezenas de simpatizantes que festejavam sua presença diante do complexo residencial de Bab al-Aziziya.

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Jornalistas a serviço de diversos veículos estrangeiros de informação enviados a Trípoli viram Seif em liberdade a bordo de um carro aberto em frente ao complexo residencial do pai. Dezenas de pessoas celebravam o aparecimento de Seif com bandeiras líbias e fotografias de Muamar Kadafi e do filho.

"Trípoli está sob nosso controle. Todo mundo pode descansar sossegado. Tudo está bem em Trípoli", assegurou o filho de Kadafi.

O aparecimento de Seif al-Islam representa um golpe contra a credibilidade dos rebeldes, que, entre domingo e segunda, qualificaram a tomada de Trípoli como "uma questão de horas" e afirmaram ter prendido dois filhos de Kadafi: Mohammed Kadafi, o primogênito, e Seif al-Islam, apontado por analistas no passado como provável sucessor do pai.

Na noite de domingo, a rede pan-árabe de televisão Al-Jazira entrevistava Mohammed por telefone quando sua residência foi atacada por rebeldes. Ouviram-se tiros e a ligação caiu na sequência. Na manhã de segunda, os rebeldes anunciaram a detenção de Mohammed. No fim do dia, uma fonte rebelde confirmou que o primogênito de Kadafi havia "fugido".

Na tarde do domingo, o presidente do rebelde Conselho de Transição Nacional, Mustafa Abdel Jalil, disse que Seif al-Islam era "mantido em lugar seguro sob estrita vigilância" e assim permaneceria "até ser entregue à justiça".

Em entrevista à emissora norte-americana de televisão CNN, o promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno-Ocampo, chegou a afirmar ter recebido "informações confidenciais" dando conta da detenção.

Hoje, um porta-voz do TPI, patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU), disse que o organismo estava negociando com os rebeldes a transferência de Seif al-Islam para Haia para responder por supostos crimes contra a humanidade. As informações são da Dow Jones.

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Rebeldes esperam luta intensa

A batalha para tomar o controle do principal complexo de Muamar Kadafi em Trípoli será feroz, mas qualquer um que estiver do lado de dentro tem pouca chance de escapar, disse um porta-voz dos rebeldes à televisão Al Jazeera nesta segunda-feira.

"Eu não imagino que o complexo de Bab Al-Aziziyah irá cair facilmente e acredito que vai acontecer uma batalha feroz", disse Abdel Hafiz Goga, porta-voz do Conselho Nacional de Transição da Líbia, em entrevista.

O imenso complexo de Kadafi em Trípoli, que inclui acampamentos militares, tem sido alvo de bombardeios aéreos da Otan nas últimas semanas, mas os rebeldes disseram nesta segunda-feira que o local permanece fortemente protegido por tanques e atiradores de elite.

Bab Al-Aziziya foi alvo de um bombardeio norte-americano em 1986 que o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, definiu como resposta ao que chamou de cumplicidade líbia no ataque a um clube noturno de Berlim.

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Apoio de Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu nesta segunda-feira o apoio de seu país a uma transição "pacífica, inclusiva e justa" na Líbia, ao considerar que apesar da situação ainda ser incerta e perigosa, o regime de Muamar Kadafi "está chegando ao fim".

Em sua segunda declaração a respeito da Líbia desde que os rebeldes aparentemente tomaram o controle da maior parte de Trípoli, neste fim de semana, Obama fez um apelo à cautela ao advertir que os combates "não terminaram".

"Há algo que está claro: o regime de Kadafi está chegando ao fim e o futuro da Líbia está nas mãos de seu povo", destacou o presidente americano, que já no domingo, após a entrada dos rebeldes em Trípoli, pediu ao líder líbio que reconhecesse sua derrota e entregasse as armas.

Em sua declaração, Obama - que surpreendentemente não fez referência à situação na Síria, onde o regime reprime a oposição com violência - também fez um apelo aos membros do Conselho Nacional de Transição (CNT) a liderar uma transformação "pacífica, inclusiva e justa", na qual os direitos de todos os cidadãos sejam respeitados sem exceção.

Os EUA serão "um parceiro e um amigo" no processo de transição da nova Líbia, afirmou Obama, que garantiu que seu país oferecerá todo apoio humanitário possível.

O presidente americano também exaltou o papel da Otan, que nos últimos seis meses protegeu a zona de exclusão aérea na Líbia como parte do mandato da ONU de amparar os civis do país.

Tanto a Casa Branca como o Pentágono indicaram acreditar que o ditador que comandou o país árabe com mão de ferro durante mais de 40 anos ainda esteja em território líbio.

O que tanto o Pentágono como a Casa Branca descartaram taxativamente é a possibilidade de que a nova situação leve a um desdobramento de tropas americanas na Líbia.

Enquanto isso, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu às forças leais a Kadafi que deponham "imediatamente" as armas e abram caminho para a transição.

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Rebeldes assumem Trípoli

Muamar Kadafi, que por décadas desfrutou de apoio do público, desapareceu de cena enquanto os rebeldes assumem Trípoli. Os rebeldes querem botar as mãos nele, assim como o Tribunal Penal Internacional. Mas precisam achá-lo antes.

Kadafi não é visto em público desde meados de junho. Seus inimigos especulam que ele pode não estar mais na capital líbia, e nem mesmo no país. À medida que a sorte dos rebeldes melhorava, seus longos discursos televisionados em encontros públicos barulhentos cederam lugar a telefonemas dados de esconderijos.

Durante seus 41 anos de governo, Kadafi criou um culto à personalidade, com sua imagem estampada em faixas e cartazes por toda a Líbia e sua filosofia destilada em um "Livro Verde". Ele se apresentava como o pai da nação e, no cenário internacional, como um guerreiro contra o colonialismo e um ativista de interesses pan-árabes, primeiro, e depois pan-africanos.

Sem dúvida ele desfrutou de apoio popular, então pegá-lo e mostrar ao povo que seu reinado acabou será vital para o próximo governo.

A certa altura do levante, a Grã-Bretanha disse que Kadafi poderia estar a caminho da Venezuela, onde seria recebido de braços abertos pelo amigo Hugo Chávez. Isso se mostrou falso, mas na semana passada rumores de que um avião venezuelano estava em um aeroporto líbio renovaram as especulações de que ele poderia tentar essa saída. Se ele ainda estiver em Trípoli, deve estar em um bunker de um complexo militar. Kadafi foi visto em público pela última vez em 12 de junho, reunindo-se com o presidente da Federação Internacional de Xadrez, o russo Kirsan Ilyumzhinov, que disse então que o líder líbio lhe havia dito que não tinha intenção de deixar o país.

Nos primeiros meses do levante, o exagerado líder de 69 anos fez várias aparições espontâneas e bizarras em Trípoli para arregimentar apoio e desafiar seus inimigos. Em uma delas ele apareceu em um carrinho de golfe, usando trajes beduínos e segurando um guarda-chuva. Outras vezes ele discursou em meio a ruínas de um palácio bombardeado pelos norte-americanos em 1986, ameaçando caçar seus oponentes "beco a beco". Invariavelmente ele prometia lutar até a morte.

A África do Sul, que liderou um esforço frustrado de mediação africano, disse nesta segunda-feira que não estava ajudando na saída de Kadafi da Líbia e sabia que ele não irá buscar asilo no país.

"Ainda é importante encontrar Kadafi, levá-lo a julgamento, que foi o que vocês viram com Saddam Hussein no Iraque e, desse modo, essa é uma situação potencialmente muito perigosa", disse o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt.

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