Um foguete russo Soyuz partiu na tarde desta sexta-feira da base de Baikonur, no Cazaquistão, levando três novos tripulantes para a Estação Espacial Internacional (ISS). Dois deles, o astronauta americano Scott Kelly e o cosmonauta russo Mikhail Kornienko, vão passar quase um ano a bordo no mais longo experimento sobre a capacidade de adaptação do corpo humano a ambientes de baixa gravidade, que terá ainda um outro detalhe inédito: gêmeo idêntico de Scott, o astronauta aposentado Mark Kelly também participará da experiência em terra, sendo submetido a exames e testes físicos que servirão de referência para as alterações que acontecerão no corpo de seu irmão.
O objetivo principal do experimento é estudar os limites da mente e do organismo humanos à vida em microgravidade de olho em futuras missões tripuladas a Marte e outros destinos no espaço profundo, que podem durar bem mais de um ano. No espaço, o corpo sofre com os efeitos do constante bombardeio de radiação e a pouca gravidade provoca perda da massa muscular e da densidade dos ossos, além de mudanças no sistema circulatório e outros processos fisiológicos.
“Tudo isso realmente afeta os corpos dos astronautas”, disse Julie Robinson, principal cientista da Nasa no programa da ISS, em conferência com a imprensa em janeiro. “Isso provoca no organismo algo não muito diferente do envelhecimento na Terra, em que o equilíbrio é prejudicado, o coração fica mais fraco, o sistema imune não funciona tão bem, os músculos enfraquecem e os ossos vão se perdendo.”
A viagem de Scott também vai marcar a quebra de vários recordes na agência espacial americana e na ISS. Os 342 dias previstos para ele e Kornienko ficarem na estação será a mais longa permanência de integrantes de uma tripulação no local, já que as missões à ISS normalmente duram entre quatro e seis meses. Com isso, Scott também vai somar um total de 522 dias no espaço entre diversas missões, batendo o atual recorde do astronauta americano Mike Fincke, de 382 dias.