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Foto tirada de telefone celular, em Banias, no nordeste da Síria, mostra protesto nas ruas da cidade: “Aqui é o Afeganistão”, diz uma placa, em inglês, segurada por dois meninos | AFP
Foto tirada de telefone celular, em Banias, no nordeste da Síria, mostra protesto nas ruas da cidade: “Aqui é o Afeganistão”, diz uma placa, em inglês, segurada por dois meninos| Foto: AFP

Governo

Deputados renunciam em protesto contra governo

Damasco - Dois deputados sírios, Nasser Hariri e Khalil Rifai, afirmaram ontem à emissora de tevê Al-Jazeera que renunciaram a seus cargos no Parlamento para protestar contra a sangrenta repressão das manifestações contra o regime. "Anuncio minha renúncia do Parlamento", disse o deputado Khalil Rifai à tevê. A emissora informou que ele se tornou o segundo deputado de Daraa a tomar essa atitude.

Mais cedo, o deputado Nasser Hariri também havia anunciado sua renúncia, afirmando estar frustrado por não ter conseguido proteger seus constituintes.

Rifai fez eco ao sentimento, afirmando que ele não pôde "proteger as pessoas que o levaram ao Parlamento".

Rússia

A Rússia, importante aliada da Síria, pediu que o país acelere as reformas e promova o diálogo, dizendo estar "preocupada com a intensificação das tensões e dos sinais de confrontação que causam sofrimento a pessoas inocentes", escreveu o Ministério de Relações Exteriores russo em comunicado.

"Estamos firmemente convencidos de que apenas o diálogo construtivo e uma aceleração das reformas políticas, sociais e econômicas de grande amplitude (...) podem permitir um desenvolvimento estável e democrático", completou o texto do ministério russo.

AFP

  • Imagens de vídeos postados na internet mostram vítimas do ataque de sexta-feira

Damasco e beirute - Tropas de segurança do governo da Síria abriram fogo, ontem, contra opositores que participavam do funeral de manifestantes mortos na sexta-feira durante protestos contra o ditador Bashar Assad. Ao menos nove morreram, segundo testemunhas, elevando o número de vítimas fatais para pelo menos 121 nos últimos dois dias.

Os disparos teriam ocorrido em dois enterros: em Douma (perto da capital Damasco) e no vilarejo de Izraa.

O banho de sangue no sábado segue um padrão visto nos tumultos que varreram o Ori­ente Médio nos últimos meses. As mortes têm gerado grandes funerais, onde mais pessoas são mortas pelas forças de segurança do país, empenhadas em sufucar a dissidência contra os líderes autoritários. O recrudescimento da violência na Síria é um indicativo de que o país pode estar entrando em um longo período de turbulência, em que manifestantes ganham força para desafiar quatro décadas de ditadura do presidente Bashar Assad e de seu pai, Hafez, morto em 2000.

A estratégia de Assad para conter as manifestações tem sido uma combinação de concessões e coação. Na quinta-feira, por exemplo, o governo da Síria anunciou o fim da lei de emergência em vigor há 48 anos no país, atendendo a uma das principais reivindicações dos manifestantes. No dia seguinte, o país teve o seu dia mais sangrento desde o início dos protestos, há cinco semanas.

O número de pessoas nas ruas ainda não atingiu o patamar visto na Tunísia e no Egito, onde a rebelião popular derrubou os governantes, mas à medida que cresce o número de mortos é possível que aumente também o número de sírios simpáticos à causa dos manifestantes.

Mortes

As informações sobre a violência durante os funerais de ontem são de testemunhas de diferentes cidades sírias. Há dificuldade para a confirmação dos relatos porque a Síria expulsou e restringiu o acesso a jornalistas no país. Fontes da agência Reuters disseram que, a exemplo do ocorrido na sexta-feira, quando 112 morreram, manifestantes entoaram cantos contra o ditador Assad, pedindo abertura política e reformas no regime. As pessoas gritavam "o povo quer a queda do regime" e "Bashar, seu covarde, leve seus soldados para Golã", numa referência às colinas de Golã, na fronteira com Israel, local pacífico desde um cessar-fogo em 1974.

O desdobramento da crise política na Síria atrai grande interesse na região. O país é um dos principais aliados do Irã, mas mesmo Israel – com quem Damasco tem contenciosos – vê com desconfiança as revoltas, temeroso de que um novo líder seja mais hostil aos seus interesses.

O presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou a violência da repressão no país de "revoltante’’ e disse que o regime recorre a Teerã para conter os oposicionistas.

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