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Presidente dos EUA, Donald Trump| Foto: Brendan Smialowski /AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou cancelar permanentemente o financiamento do país à Organização Mundial de Saúde (OMS). Em carta ao organismo vinculado às Nações Unidas, e publicada por ele nas redes sociais nesta segunda-feira (18), o republicano lista os motivos que o inclinam a tomar essa decisão e dá um prazo de 30 dias para a OMS se comprometer com "melhorias substanciais" ou correr o risco de perder milhões e a participação americana por completo.

Na carta, Trump acusou a OMS de ter uma "alarmante falta de independência" da China e de ter "ignorado relatórios credíveis do vírus", referindo-se aos primeiros alertas de Taiwan sobre o vírus, no fim de dezembro. A carta diz também que a OMS demorou em declarar uma emergência de saúde porque estava sendo pressionada pelo governo chinês. Algumas críticas foram direcionadas à atuação do diretor-geral da organização, Tedros Adhanom.

Por fim, ele escreve que, se a OMS "não se comprometer com grandes melhorias substanciais nos próximos 30 dias, tornarei permanente meu congelamento temporário do financiamento dos Estados Unidos à Organização Mundial da Saúde e reconsiderarei nossa participação na organização". Ele escreveu também que a Casa Branca já está conversando com a OMS para levar adiante uma reforma da organização que, segundo Trump, precisa acontecer o quanto antes.

"O único caminho a seguir para a Organização Mundial da Saúde é se ela pode realmente demonstrar independência da China", afirmou o presidente americano.

Os Estados Unidos são um dos fundadores da OMS e o maior financiador individual do órgão. Sozinho, o governo americano envia cerca de US$ 450 milhões por ano à OMS. Em 14 de abril, Trump já havia suspendido temporariamente o financiamento, enquanto sua administração fazia uma avaliação sobre as ações da OMS durante a pandemia de Covid-19.

"Não posso permitir que os dólares dos contribuintes americanos continuem financiando uma organização que, em seu estado atual, claramente não atende aos interesses dos Estados Unidos", diz a carta de Trump.

Em entrevista à imprensa nesta segunda-feira, o presidente americano já havia criticado a organização, dizendo que ela é um fantoche da China, apesar de o país asiático contribuir muito menos com a instituição - cerca de US$ 40 milhões por ano.

As críticas vêm em um momento em que os representantes dos 194 países da OMS estão reunidos, virtualmente, para a Assembleia Mundial da Saúde (AMS), que começou nesta segunda e continua nesta terça-feira. O secretário de Saúde americano, Alex Azar, participou da videoconferência nesta segunda e acusou a organização de deixar a Covid-19 circular "fora de controle" ao custo de "muitas vidas". Também pressionou para a participação de Taiwan nas reuniões da OMS, um assunto que será discutido pela AMS somente no fim do ano.

A China nega as acusações dos Estados Unidos. O Ministério das Relações Exteriores da China disse, no início de maio, que o país "nunca tentou manipular a organização".

O presidente Xi Jinping, durante a AMS, disse que seu governo agiu com "abertura, transparência e responsabilidade" durante a crise do coronavírus. "Fornecemos informações à OMS e aos países relevantes em tempo hábil. Lançamos a sequência do genoma o mais rápido possível", observou Xi.

Com uma imagem prejudicada internacionalmente devido à sua reposta inicial à pandemia, o presidente chinês prometeu nesta segunda-feira compartilhar com o mundo uma eventual vacina e alocar US$ 2 bilhões para a luta global contra a Covid-19.

Além dos Estados Unidos, vários países estão criticando a falta de transparência do governo chinês em relação à pandemia. Uma resolução proposta pela União Europeia pede uma investigação independente sobre a origem do vírus e a resposta inicial da OMS ao surto. Mais de 100 países estão apoiando a iniciativa.

A porta-voz da OMS, Fadéla Chaib, afirmou que tomou conhecimento da carta de Trump, mas disse ainda "não ter uma reação". "Tenho certeza que ao longo do dia teremos mais clareza e uma reação a essa carta", disse a porta-voz, em sua conta oficial no Twitter.

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