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Militares dos EUA estacionam um tanque Abrams M1 em frente ao Memorial Lincoln, Washington, na véspera da celebração “Saudação à América”, de 4 de julho
Militares dos EUA estacionam um tanque Abrams M1 em frente ao Memorial Lincoln, Washington, na véspera da celebração “Saudação à América”, de 4 de julho| Foto: Mark Wilson/Getty Images/AFP

Caças e tanques militares serão exibidos na parada do Dia da Independência dos Estados Unidos, nesta quinta-feira, 4 de julho. O tom militar e os custos da comemoração promovida pelo presidente Donald Trump têm sido alvo de críticas pelos democratas.

O feriado é considerado pelos americanos um evento apartidário para celebrar o patriotismo. Críticos dizem que Trump está tomando o controle de um feriado que tradicionalmente é dedicado para os cidadãos se reunirem para amar o seu país. A preocupação deles é que a celebração se torne um evento político e personalista em vez de um dia de patriotismo.

Duas decisões de Trump em especial desagradaram os seus críticos. Ele fará um discurso no Memorial Lincoln, em Washington, o local preferido para assistir a queima de fogos tradicional do Dia da Independência. Neste ano, o local estará reservado apenas para autoridades. Geralmente, o presidente dos EUA faz nessa data um pronunciamento da Casa Branca.

Ainda, ele decidiu fazer uma parada para exibir o seu poder militar, incluindo aviões de guerra sobrevoando Washington, tanques e outros veículos militares nas ruas da capital americana.

“Nossa Saudação à América no 4 de julho no Memorial Lincoln será realmente grande. Será um show para toda a vida!”, Trump tuitou nesta quarta-feira. Ele defendeu os custos do evento, dizendo que serão “muito pouco em comparação com o seu valor”.

O governo dos EUA não informou quando custará a celebração. O jornal Washington Post informou que o Serviço Nacional de Parques (a agência do governo responsável pela gestão dos parques nacionais dos EUA) transferiu US$ 2,5 milhões que seriam usados para melhorias nos parques para a celebração do Dia da Independência em Washington.

Inspiração francesa

Em julho de 2017, Trump assistiu à parada do Dia da Bastilha, na França. Ele disse que “foi uma das paradas mais bonitas que já vi”. Meses depois, ele estava decidido a ter a sua própria parada, que seria maior e melhor do que a que ele viu em Paris. “Nós vamos tentar superá-la”, ele disse.

Mas enquanto o espetáculo foi inspirado pela França, alguns observadores de outros países acham que ele se parece mais com as cerimônias públicas de regimes de países como Rússia, Coreia do Norte e China. “O presidente dos EUA usa o aniversário de seu país como propaganda de si mesmo”, disse o jornal alemão Tagesspiegel nesta quarta-feira, descrevendo os planos de Trump como um “show de egoísmo”.

Outros analistas europeus disseram que o que diferencia a celebração deste ano do 4 de julho de eventos similares em outras democracias é a aparente politização do evento com o uso de material militar.

Na Europa, as paradas servem como uma lembrança dos danos que exércitos podem causar. Para evitar a impressão de exibicionismo nacionalista, as nações europeias frequentemente convidam soldados de outros países para participar.

A Casa Branca rejeitou a ideia de que a celebração seria política. Trump disse a jornalistas na segunda-feira que o evento será "sobre este país e é uma saudação à América". Ele disse que espera por um grande público. Perguntado se poderia fazer um discurso para todos os americanos, Trump respondeu: "Acho que sim, acho que alcancei a maioria dos americanos".

Entretanto, outros comentaristas notaram que a data nunca foi apolítica ou apartidária, e que americanos sempre usaram o Dia da Independência para disfarçar mensagens políticas sob o manto do patriotismo.

“A proposta de discurso de Trump no 4 de julho não perverte o feriado, na verdade, mantém a sua tradição”, disse a historiadora de cultura polítcia americana Shira Lurie em artigo no Washington Post em que lista as diversas formas de politização do evento desde a Guerra da Independência. Segundo ela, os presidentes Harry Truman, Richard Nixon e Gerald Ford também fizeram discursos na data.

“A afirmação equivocada dos democratas de que o Dia da Independência é apolítico não apenas ignora essa história, mas também obscurece a miríade de maneiras pelas quais nossas celebrações atuais carregam mensagens políticas, mesmo quando parecem apolíticas e apartidárias. Em particular, essas festividades geralmente igualam o patriotismo à obediência ao estado”, afirmou Lurie.

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