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Banda Aceh, Indonésia (AFP/EFE) – O desperdício e a má repartição dominaram a administração dos mais de seis bilhões de dólares doados pela comunidade internacional aos países do sudeste asiático afetados pelo tsunami do dia 26 de dezembro de 2004, denunciam comunidades atingidas pelo trágico fenômeno. "O que mais desejo é dinheiro para poder começar uma atividade. Não se pode depender a vida toda da ajuda humanitária", declara Ummi Kalsum, uma jovem de 30 anos que, como milhares de habitantes da província indonésia de Aceh, devastada pelo tsunami, continua vivendo em uma barraca um ano depois.

Mais de seis bilhões de dólares em ajuda foram doados aos 11 países asiáticos afetados pelo tsunami, de acordo com a ONU. Os desabrigados pela tragédia têm palavras de agradecimento para a comunidade internacional mas, contudo, denunciam a falta de informação que dominou a distribuição de ajuda, especialmente na Indonésia e Tailândia. "Fui ao local onde davam doações, mas me disseram que já não tinham nada para dar", recorda Sulaiman, de 38 anos, a quem o mar fez desaparecer há um ano a mulher, a filha e o restaurante que lhe garantia o sustento.

Charlie Higgins, coordenador do Programa Mundial de Alimentos (PAM) em Banda Aceh, admitiu a morosidade na organização das ajudas, mas assegurou que, uma vez colocadas em prática as operações de socorro, estas permitiram resolver a maior parte dos problemas nas zonas afetadas. No Sri Lanka, no entanto, a situação é muito pior, segundo um informe recentemente publicado que denuncia a corrupção e a má gestão da ajuda internacional para as vítimas do tsunami. "Assistimos a uma malversação dos fundos públicos. Trata-se de somas muito importantes", denunciou o auditor-geral do governo, Sarath Mayadunne. De acordo com o relatório, 15 mil famílias do noroeste do país, que não foram afetadas pela catástrofe, se beneficiaram de uma série de indenizações durante vários meses.

Esperança

Dezenas de milhares de indonésios continuam vivendo em tendas de campanha ou em pequenos barracos na província de Aceh à espera da casa prometida. Ulee Lhee, o bairro portuário de Banda Aceh – após o tsunami – ficou reduzido a um monte de escombros coberto por milhares de cadáveres e, durante meses, poucos sobreviventes se atreveram a voltar ali. Agora, o imenso espaço vazio começou a dar sinais de vida. Primeiro, os proprietários delimitaram seus terrenos com marcas no chão ou com alicerces, e depois alguns levaram para o local suas tendas. Dezenas de casas começam a tomar forma a partir de seus esqueletos de madeira.

Ainda assim, segundo a Agência para a Reconstrução e Reabilitação, apenas 16 mil casas permanentes estão prontas, a metade das previstas para o primeiro ano e apenas um décimo do que é necessário. Cerca de 67 mil desabrigados ainda vivem em tendas e muitos deles se desesperam com a lentidão dos trabalhos de reconstrução. "Há alguns meses nos ofereceram lugar em um barraco, mas dissemos que não, porque o que queremos é voltar o mais rápido possível a nossa terra", diz Nita, uma moradora de Aceh de 34 anos que vive em um dos acampamentos de deslocados nos arredores da capital.

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