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Budapeste – A polícia húngara disparou ontem bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra milhares de manifestantes que protestavam contra o governo do primeiro-ministro socialista Ferenc Gyurcsany durante as comemorações pelo 50º aniversário do início do levante contra o domínio soviético.

Os policiais também usaram canhões que lançavam jatos de água colorida contra os manifestantes, armados com pedras. O serviço de ambulância informou que pelo menos 27 pessoas ficaram feridas, mas nenhuma com gravidade. Um policial foi esfaqueado na mão.

Enquanto a polícia tentava dispersar uma multidão, a maioria manifestantes de extrema direita, e impedir que se aproximassem da praça diante do Parlamento, um grupo tomou um tanque T-34 da época soviética – que estava em exibição por causa das comemorações – e o dirigiu contra as forças policiais. A polícia lançou bombas de gás e fez o tanque parar. Pelo menos um homem foi retirado de dentro do tanque.

Segundo estimativas da agência de notícias estatal MTI, pelo menos 100 mil pessoas participaram das diversas manifestações realizadas ontem, algumas contra o governo e outras para lembrar a revolta de 1956.

Há cerca de um mês manifestantes têm tomado as ruas de Budapeste pedindo a renúncia do primeiro-ministro após o vazamento de uma gravação na qual ele admitia que tinha mentido sobre a situação da economia para vencer as eleições de abril. Gyurcsany desafiou os pedidos por sua renúncia e, apoiado pelos socialistas e seus aliados no Parlamento, obteve um voto de confiança para levar adiante suas duras políticas econômicas.

Durante a campanha, Gyurcsany prometeu reduzir os impostos, mas depois de tomar o poder impôs uma série de aumentos de impostos e cortes nos benefícios para conter o déficit orçamentário, que atingiu 10,1% do PIB este ano.

Apesar dos protestos, as cerimônias ocorreram como programado. A bandeira nacional foi hasteada diante do Parlamento e os convidados de honra colocaram flores no monumento dedicado ao levante, depois as autoridades húngaras e os convidados de 53 delegações estrangeiras (com 20 chefes de Estado de países europeus) entraram no Parlamento para a adoção solene da "Declaração da Liberdade, 1956".

Os protestos estudantis de 1956 tiveram início na tarde de 23 de outubro, e ao cair da noite transformaram-se num levante armado. Cerca de 2.800 húngaros e 700 soldados soviéticos foram mortos numa ofensiva do Exército Vermelho lançada dias depois, em 4 de novembro de 1956.

Depois da derrota militar, os revoltosos mantiveram greves e protestos por semanas, até que uma repressão soviética finalmente pôs fim ao levante, em janeiro de 1957.

Os comunistas se mantiveram no poder na Hungria até 1989.

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