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Os turcos elogiaram na quarta-feira o papa Bento 16 por sua postura de conciliação entre cristãos e muçulmanos durante a viagem ao país.

O pontífice passa quatro dias na Turquia e, na quarta-feira, iniciou a etapa da viagem dedicada a questões cristãs. Ele foi a um santuário em Éfeso, perto do litoral sudoeste da Turquia, onde segundo a lenda a Virgem Maria viveu seus últimos dias.

Mas a atenção deste país islâmico está voltada para as surpreendentes posturas demonstradas pelo papa ao desembarcar, na terça-feira: seu apoio à adesão turca à União Européia e elogios à fé muçulmana.

``Esta viagem é importante para a adesão da Turquia à UE. Trata-se de um grande alerta para os políticos conservadores que acham que a UE é um clube cristão'', disse o colunista Guneri Civaoglu no jornal Milliyet.

``Começou de forma bonita: o papa disse ao mundo de Ancara que o Islã é uma religião de paz'', apontou o jornal Hurriyet.

O objetivo original da visita era um encontro do papa com o patriarca ortodoxo Bartolomeu 1o, em Istambul, numa tentativa de aproximar o Catolicismo Romano à Igreja Ortodoxa. Há cerca de 100 mil cristãos na Turquia.

Mas um discurso feito em setembro pelo papa, no qual ele associava indiretamente o islã à violência e à irracionalidade, ligação que posteriormente ele rejeitou, fez com que a visita adquirisse forte significado simbólico para as relações entre o Vaticano e o mundo islâmico.

As declarações de Bento 16 em sua primeira visita oficial no cargo a um país islâmico aparentemente conseguiram em grande parte contrabalançar a indignação pelo discurso de setembro, que levou a ataques contra igrejas em vários países islâmicos e ao assassinato de uma freira italiana na Somália.

O papa, que segundo rumores está sob um esquema de segurança maior do que o armado há dois anos na Turquia para receber o norte-americano George W. Bush, também aparentemente recuou em sua posição anterior contra a adesão do país à UE.

Os turcos esperavam que a visita do pontífice ajudasse a convencer europeus céticos de que seu país, relativamente pobre, mas com 73 milhões de habitantes, é digno de pertencer ao bloco europeu.

A UE critica a Turquia pelo tratamento que dispensa a minorias religiosas, e Bento 16 salientou em outro discurso em Ancara que todas as democracias precisam garantir as liberdades religiosas.

O primeiro-ministro Tayyp Erdogan, muçulmano devoto e casado com uma mulher que costuma cobrir a cabeça em público, como determina a religião, foi também bastante elogiado por encontrar na sua agenda um espaço para recepcionar o papa.

Mas as ambições da Turquia em relação à UE sofreram um golpe na quarta-feira, quando a Comissão Européia (Poder Executivo do bloco) decidiu suspender parte das negociações de adesão com Ancara devido à resistência do governo turco em abrir seus portos a navios vindos de Chipre, segundo uma fonte que acompanhou a decisão.

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