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No local onde o território dos Estados Unidos mais se aproxima do de Cuba, a histórica passagem de poder feita pelo presidente cubano, Fidel Castro, viu-se marcada pelo clique das máquinas fotográficas.

Em Key West, na ponta de Florida Keys, uma área a apenas 145 quilômetros de Havana -- mais próxima da capital cubana do que de Miami --, moradores e turistas reagiram à notícia da entrega de poder na ilha caribenha tirando fotos a partir do marco que indica a área mais ao sul dos EUA e tomando "cafe con leche" (café com leite).

Na terça-feira, um grande número de turistas reuniu-se ao lado da bóia preta, vermelha e amarela que marca aquele ponto, fazendo fila pacientemente para bater fotos. Entre admiradores e críticos de Fidel, todos pareciam atraídos pelo fato de estarem no local que é o mais próximo de Cuba do que qualquer outro do continente norte-americano.

- Talvez possamos, em breve, começar a fazer negócios com Cuba novamente - disse o turista Dennis Connolly, de St. Petersburg, Flórida. Os EUA impõem há quatro décadas um embargo comercial à ilha caribenha na esperança de tirar o governo comunista do poder.

Nolan Burchchill, de 67 anos, dono de uma barraca de lembranças, assoprava em uma concha e acenava para os turistas que chegavam a bordo de um trem sem capota.

- Hoje eu vi mais cubanos da Flórida do que normalmente - afirmou.

Em Miami, os exilados cubanos que sonham com o fim do regime comunista na ilha saíram às ruas para celebrar o fato de Fidel, aos 79 anos, ter transmitido o poder para seu irmão mais novo, Raúl Castro, em virtude de uma cirurgia para estancar uma hemorragia gastrintestinal.

Mas em Key West, não houve festejos do tipo. Moradores dos estreitos da Flórida que possuem familiares em Cuba "sempre foram um pouco mais discretos que os cubanos de Miami", afirmou Larry Winters, proprietário de uma loja chamada Cuba! Cuba!.

- As coisas estão bastante tranqüilas aqui - disse.

Em lanchonetes da parte baixa de Florida Keys, a venda de bebidas cubanas como as "coladas" (um expresso servido em uma xícara grande para ser tomada por mais de uma pessoa), "con leches" e "cortaditos" (expresso com um pouco de leite) estava a todo vapor.

- Se Cuba se abrir, há visitantes que vão querer ir para lá. Isso poderia prejudicar Key West - afirmou Ana Aguilar, de 50 anos, proprietária do Ana's Cuban Cafe, na região.

Especulações sobre o futuro da ilha eram o assunto mais frequente entre os clientes do 5 Brothers Two Grocery, em Ramrod Key, 43 quilômetros ao norte de Key West.

- Todo mundo está falando sobre isso. Fidel ou está morto ou tem apenas alguns dias de vida - afirmou Rosa Paez, proprietária do local. - Todos estão preocupados. O irmão dele é tão ruim quanto ele.

- Esse é um período de incertezas - disse Christie Phillips, porta-voz da polícia. - Estamos firmes aqui. Está tudo tranqüilo no front ocidental.

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