Reunião
Teerã recebe líderes do G15
Folhapress
Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais quatro chefes de estado já estão em Teerã para participar hoje do encontro do G15 que reúne Argélia, Argentina, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Irã, Jamaica, Quênia, Nigéria, Malásia, México, Peru, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbabwe. O G15, que conta atualmente com 18 países, foi criado em 1989 para estabelecer o desenvolvimento econômico e a cooperação entre os países que o integram.
Também já está em Teerã o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu. O Brasil e a Turquia são os países que optaram pelo diálogo para tentar convencer o governo iraniano a seguir orientações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) referentes ao enriquecimento de urânio.
Alternativa
Acordo colocaria fim a novela iniciada em 2009 :
Origem - O Irã pediu autorização à AEIA, em 2009, para repor o urânio de reator destinado a fins médicos.
Oferta - A AIEA propôs uma troca entre o urânio pouco enriquecido iraniano por urânio enriquecido a 20%, suficiente para usos médicos, mas não militares.
Divergências
Tempo: o Irã exigia troca simultânea, mas a AIEA falava em um ano entre o envio do urânio e a devolução do combustível.
Local: o Irã queria fazer a troca no seu território e a AIEA previa o envio do urânio à Rússia e à França.
Quantidade: o Irã queria definir o volume de urânio exigido na troca e a AIEA exigia o intercâmbio de 2/3 do estoque de Teerã.
Novo acordo
Com mediação do Brasil, o acordo prevê envio do urânio à Turquia, em quem Teerã confia.
Fonte: Folhapress
Após quase 20 horas de negociação em Teerã, Brasil, Turquia e Irã finalizaram as bases de um acordo para romper o impasse em torno do programa nuclear iraniano. O acordo deve ser anunciado hoje, quando os chefes de governo dos três países se reunirão na capital iraniana.
A conclusão do acordo foi confirmada pelo chanceler turco, Ahmet Davutoglu. O chanceler se referia a uma proposta negociada desde o ano passado pela AIEA para conciliar a preocupação das potências ocidentais acerca do programa nuclear iraniano com o direito, assegurado pela ONU, de o Irã enriquecer urânio para fins pacíficos.
O plano prevê que o Irã envie parte de seu estoque de urânio pouco enriquecido para outro país e receba em troca o combustível enriquecido a até 20%, nível adequado para uso médico mas não para a bomba.
Temendo não receber o urânio de volta, Teerã impôs condições: que a troca fosse simultânea e acontecesse em território iraniano. As potências rejeitaram as exigências e ergueram uma frente diplomática no Conselho de Segurança (CS) para impor uma quarta rodada de sanções da ONU ao Irã.
Brasil e Turquia uniram esforços no CS, onde ocupam vagas rotativas, para ressuscitar o plano da ONU. Segundo Davutoglu, um acordo foi alcançado depois que o Irã aceitou proposta da Turquia para ser depositária do urânio de Teerã.
Não estava claro até o começo da noite se a troca seria simultânea ou não. Questionado sobre o tema, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, respondeu com humor. "Algo bom está no forno.
A promessa de acordo coroa semanas de negociações e um intenso vai e vem de autoridades entre Brasília, Ancara e Teerã. A visita de Lula ao Irã, que retribui viagem do presidente Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil em novembro, era vista com ceticismo pelas potências. Os EUA disseram que se tratava da "última chance antes de novas sanções.
A Casa Branca confirmou ter recebido informações sobre o acordo, mas um porta-voz disse que seria preciso mais tempo para saber o que exatamente foi oferecido antes de fazer qualquer avaliação. Já o Departamento de Estado afirmou que só falaria sobre o assunto hoje.
Cabisbaixo
Detalhes do acordo serão discutidos em um café da manhã entre Lula, Ahmadinejad e o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, que embarcou às pressas para o Irã na noite de ontem depois de ser informado sobre o êxito das conversas. Lula saiu com ar preocupado das três reuniões que teve com Ahmadinejad ontem uma delas com a presença do líder supremo Ali Khamenei, detentor da palavra final sobre todos os assuntos iranianos.
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