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Premiê turco Tayyip Erdogan afirmou que ainda acredita numa saída diplomática para a crise nuclear no Irã | Reuters
Premiê turco Tayyip Erdogan afirmou que ainda acredita numa saída diplomática para a crise nuclear no Irã| Foto: Reuters

O voto turco contra a quarta rodada de sanções na Organização das Nações Unidas (ONU) ao Irã, por causa do programa nuclear de Teerã, era uma questão de honra para o país, após o acordo fechado entre Turquia, Irã e Brasil, afirmou nesta quinta-feira o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. O premiê insistiu que ainda há espaço para uma saída diplomática para a crise. Erdogan deu as declarações em uma cúpula de um dia em Istambul, entre a Turquia e 20 países árabes Erdogan fortaleceu no evento seu papel de líder no mundo islâmico, recebendo o aplauso de governantes e políticos árabes, enquanto criticava Israel e questionava o poder de Washington no cenário mundial, numa cúpula que ocorreu na cidade que foi no passado a sede do Império Otomano.

"Se nós não tivéssemos dito 'não', seria contraditório...seria uma falta de respeito próprio", avaliou Erdogan. O Brasil também votou contra as sanções e o Líbano se absteve, na quarta-feira. As outras 12 nações do Conselho de Segurança da ONU, incluindo as cinco permanentes e com poder de veto, apoiaram a medida.

No mês passado, o Irã firmou um acordo com Turquia e Brasil se comprometendo a enviar 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido ao território turco. Em troca, receberia combustível para seu reator em Teerã. O acordo foi visto com ressalvas por Washington, que pressionava por uma resolução com sanções.

"Nós insistimos que todos os problemas devem ser resolvidos na mesa de negociações. Nada é alcançado com armas ou através de embargos e isolamento", disse Erdogan. "Junto com o Brasil, nós manteremos os nossos esforços por uma solução negociada."

Erdogan insistiu que os termos do pacto do mês passado estão de acordo com as consultas anteriores feitas com os Estados Unidos e as outras potências ocidentais.

Erdogan garantiu também que a Turquia não está se afastando do Ocidente. Segundo ele, essas versões não passam de "propaganda suja".

Falando no fórum turco-árabe, Erdogan lembrou os investimentos da França na Síria e em outros países árabes. "Mas quando é a vez da Turquia investir em países árabes e vice-versa, uma propaganda suja tenta impedir esse processo", afirmou.

"Aqueles que dizem que a Turquia rompeu com o Ocidente são os intermediários de uma propaganda mal-intencionada", disse. "Nós estamos abertos para todas as partes do mundo. Nós não estamos abertos a uma e fechados a outra."

Muitos na própria Turquia e no Ocidente demonstraram preocupação com uma suposta guinada turca para se distanciar das nações ocidentais. A Turquia é o único membro muçulmano da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O país sofre uma crise com Israel, por causa da violenta ação israelense para interceptar uma flotilha que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza, na semana passada. A ação israelense terminou com nove ativistas turcos mortos.

"Nós vamos ficar calados sobre o assassinato de nove pessoas? Nós não podemos virar um olho cego para esse ato de banditismo em águas internacionais", disse Erdogan, criticando o ataque israelense à flotilha. "Isso não pode continuar assim", afirmou

O chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, também acusou Israel de contínua "atrocidade e assalto" e violação aos direitos humanos e à lei internacional, e elogiou a Turquia por ter desafiado Israel após o ataque. Israel insiste que os comandos navais que tomaram de assalto o navio Mavi Mármara agiram em legítima defesa, após terem sido atacados por ativistas pró-palestinos.

A Turquia e os 20 países árabes, grande parte dos quais foram no passado províncias do Império Otomano, emitiram um comunicado conjunto expressando "grave preocupação e condenação pela agressão israelense".

"Não vale um centavo"

Na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse que o acordo Irã-Turquia-Brasil não estava "morto" e que seu país votou contra as sanções para manter aberto o canal de negociações.

Ainda na quarta-feira, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, criticou as sanções e disse concordar com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, sobre a falta de valor dessa punição. "Bem dito, homem. Não vale um centavo", disse Chávez. A Venezuela e o Irã têm estreitado laços nos últimos anos.

A sanção ao Irã inclui aspectos militares e financeiros. Ela expande um embargo de armas e impede o país de realizar atividades como a mineração de urânio. Potências lideradas pelos EUA temem que o Irã busque secretamente armas nucleares, mas Teerã garante ter apenas fins pacíficos. Ahmadinejad disse que "as resoluções não valem nada para a nação iraniana".

Vendas de mísseis russos

As sanções contra o Irã não vão afetar a venda de mísseis S-300 russos para o país persa, disse o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nesta quinta-feira. "No que diz respeito à cooperação técnico militar, a resolução introduz limites à cooperação com o Irã na questão de armas ofensivas e armas defensivas não recaem nestes limites", disse Lavrov durante visita ao Usbequistão.

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