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Premiê Erdogan afirmou que a Turquia não confia mais no regime de Assad | Adem Altan/AFP
Premiê Erdogan afirmou que a Turquia não confia mais no regime de Assad| Foto: Adem Altan/AFP

A Turquia cancelou ontem seus projetos para explorar petróleo na Síria, em meio a um aumento nas tensões entre Ancara e Damasco por causa da escalada na repressão do regime sírio aos manifestantes.

Segundo ativistas, pelo menos 90 pessoas foram mortas em episódios violentos ao redor da Síria na segunda-feira, a maioria na província sulista de Deraa, onde ocorreram confrontos entre soldados desertores e regulares.

A Turquia também ameaça cortar o fornecimento de eletricidade à Síria, em retaliação aos ataques de partidários do presidente Bashar Assad contra o consulado turco na cidade de Latakia.

O ministro da Energia da Turquia, Taner Yildiz, anunciou que seu país arquivou os planos da petrolífera turca TPAO, de explorar petróleo na Síria em seis poços. Foi Yildiz também que ameaçou cortar o fornecimento turco de eletricidade à Síria se as tensões continuarem.

"Até agora, fornecemos eletricidade à Síria. Mas se o regime [sírio] continuar neste curso, poderemos reconsiderar essas decisões", disse Yildiz.

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, criticou o presidente sírio Bashar Assad pelo ataque ao consulado turco no sábado. Erdogan afirmou que a Turquia não confia mais no regime de Assad e alertou que a sangrenta repressão desfechada pelo autocrata ameaça colocá-lo na lista de líderes que se "alimentaram de sangue".

No sábado, partidários de Assad queimaram uma bandeira da Turquia no consulado turco em Latakia, no Mediterrâneo. Também ocorreram ataques ao consulado turco em Alepo e contra a embaixada turca em Damasco.

Na segunda-feira, o rei da Jordânia, Abdullah II, disse que Assad deveria renunciar para o bem da Síria. O rei da Jordânia foi o primeiro governante árabe a se manifestar publicamente a favor da renúncia do mandatário.

De acordo com os ativistas, muitos dos assassinados na violência da segunda-feira na Síria foram soldados regulares atacados por desertores do exército na província de Deraa, sul do país. Na cidade insurreta de Homs, o necrotério local recebeu 19 cadáveres, todos com ferimentos de bala.

Repressão

O regime do presidente Bashar Assad tenta esmagar o levante há oito meses, mas o movimento não retrocede. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a repressão militar do governo contra os dissidentes matou 3,5 mil pessoas até agora.

A última atualização do número de mortos vem dos Comitês de Coordenação Local, uma coalizão de ativistas, números dos necrotérios e do Observatório Sírio de Direitos Humanos, baseado na Ingla­terra. Segundo o Observatório, pelo menos 34 soldados regulares foram mortos ontem em Deraa, além de 12 desertores e 23 civis.

Um morador na cidade de Khirbet Ghazaleh, na província de Deraa, disse que escutou tiroteios que duraram mais de quatro horas. Outro morador da província, que também falou sob anonimato, disse que contou 12 corpos de civis mortos, possivelmente pelas forças de segurança. Não foi possível confirmar nenhum número de maneira independente, uma vez que o acesso de jornalistas estrangeiros à Síria foi proibido.

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