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Imagem divulgada pela estatal Energoatom mostra míssil russo caindo perto da segunda maior central nuclear da Ucrânia, na região de Mykolaiv
Imagem divulgada pela estatal Energoatom mostra míssil russo caindo perto da segunda maior central nuclear da Ucrânia, na região de Mykolaiv| Foto: EFE/EPA/ENERGOATOM

A Ucrânia acusou a Rússia nesta segunda-feira (19) de ter atacado a segunda maior central nuclear do país, na região de Mykolaiv, enquanto as tropas ucranianas atravessaram o estratégico rio Oskil e já se aproximam da província de Luhansk pela margem esquerda, que o Kremlin considerou como dominada no último mês de julho.

“A Rússia coloca o mundo inteiro em perigo. Temos que parar com isso antes que seja tarde demais”, escreveu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em sua conta no Telegram.

Por sua vez, o ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, alertou à Europa que, se houver um “inverno nuclear” devido aos ataques russos às instalações atômicas ucranianas, “o problema dos altos preços da eletricidade não será mais relevante”.

“Embora não seja tarde demais e uma catástrofe nuclear seja apenas uma ameaça, devemos parar a Rússia”, advertiu também.

Naquele que é o último episódio de bombardeio no território de uma usina atômica na Ucrânia após os inúmeros ataques contra a usina militarizada de Zaporizhzhia, depois da meia-noite desta segunda-feira um míssil Iskander caiu a 300 metros da Central Nuclear do Sul da Ucrânia, segundo a empresa estatal Energoatom.

O ataque causou uma breve queda de energia e uma das unidades da usina hidrelétrica de Oleksandrivska, que faz parte do complexo de energia no sul da Ucrânia, desligou.

Já os três reatores da Central Nuclear do Sul - visitados pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em março - estão operando normalmente, de acordo com a Energoatom.

Horas após o ataque em Mykolaiv, Zelensky ouviu em Kyiv, durante uma reunião com o Estado-Maior, os últimos relatórios sobre a situação no front.

Segundo a presidência ucraniana, o presidente avaliou “detalhadamente o plano de ação das Forças Armadas para uma maior desocupação dos territórios ocupados”.

Zelensky havia prometido em seu tradicional discurso noturno libertar mais cidades, incluindo Yalta, na península da Crimeia que a Rússia anexou em 2014.

Isso depois que as tropas de Kiev desocuparam mais de 8,5 mil quilômetros quadrados e 388 cidades na província de Kharkiv, no leste do país.

“Talvez pareça a alguém agora que, depois de uma série de vitórias, temos uma certa calma. Mas isso não é uma pausa. Isso é uma preparação para a próxima sequência” de cidades libertadas, enfatizou Zelensky.

Sobre os planos da Ucrânia de retomar a Crimeia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta segunda-feira que a península “é parte integrante da Federação Russa, de maneira que qualquer reivindicação sobre o território russo implicará em uma resposta adequada”.

Peskov também reagiu pela primeira vez às acusações de crimes de guerra cometidos pelos russos em Izyum, uma das cidades libertadas pela Ucrânia da ocupação russa na região de Kharkiv.

“É o mesmo roteiro de Bucha”, declarou, em referência à cidade nos arredores de Kyiv onde em abril centenas de corpos de civis com sinais de tortura e aparentemente executados foram encontrados.

“Tudo se desenrola a partir do mesmo roteiro. É mentira”, acrescentou, alegando que a Rússia defenderá “a verdade nessa história”.

Em Izyum, continuaram nesta segunda-feira as exumações dos corpos de civis e soldados encontrados em 445 fossas, alguns deles com sinais de tortura. Até agora, 59 corpos foram exumados: 42 civis e 17 militares.

A região não fica muito longe da cidade do estratégico rio Oskil. Durante a contraofensiva ucraniana em Kharkiv, todo o território até a margem direita do rio foi liberado, restando apenas uma pequena faixa até a fronteira da província de Luhansk.

No domingo, as tropas de Kiev conseguiram atravessá-la e agora “controlam também a margem esquerda”, segundo o Departamento de Comunicações Estratégicas das Forças Armadas da Ucrânia.

O governador de Luhansk, Serhiy Gaidai, comemorou essa conquista, afirmando que agora a província mais oriental do país “está cada vez mais próxima” das tropas ucranianas.

A Rússia considerou a região tomada em julho depois de ocupar a cidade de Lisichansk.

Nesta segunda-feira, Gaidai garantiu em entrevista à emissora de rádio NV que a cidade de Bilohorivka, não muito longe de Lisichansk, está sob controle total da Ucrânia.

O governador também alertou que a desocupação dos territórios capturados pela Rússia em Luhansk será mais difícil do que na região de Kharkiv, onde as tropas ucranianas surpreenderam as forças russas.

“Esse efeito de choque não estará mais lá...Haverá uma luta dura por cada centímetro de terra em Luhansk”, declarou, lembrando que dessa vez “o inimigo está se preparando para a defesa”.

Coincidindo com o avanço ucraniano, um órgão consultivo da autoproclamada República Popular de Luhansk propôs ao líder pró-Rússia, Leonid Pasechnik, que realize imediatamente um referendo sobre a integração da região à Rússia.

Enquanto isso, na vizinha Donetsk, a luta continua pelo controle da cidade de Lyman, perto dos dois principais redutos ucranianos de Sloviansk e Kramatorsk.

Nesse sentido, o líder da autoproclamada república popular de Donetsk, Denis Pushilin, disse à televisão russa que a situação em Lyman “continua sendo a mais difícil no momento”, embora tenha alegado que as forças pró-russas “continuam no controle”.

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