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Viktor Yushchenko tentou atrapalhar os planos russos de realizar uma reunião de cúpula: impasse faz com que o gás russo não seja enviado pelos gasodutos ucranianos | Leon Neal / AFP Photo
Viktor Yushchenko tentou atrapalhar os planos russos de realizar uma reunião de cúpula: impasse faz com que o gás russo não seja enviado pelos gasodutos ucranianos| Foto: Leon Neal / AFP Photo

O presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, tentou atrapalhar os planos da Rússia de realizar uma reunião de cúpula para discutir a questão do gás ao reunir-se, nesta sexta-feira (16), com líderes europeus em Kiev para discutir a crise. A embaixada da França em Moscou informou que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, não vai comparecer à reunião em Moscou e nenhum outro chefe de Estado anunciou a intenção de participar da reunião russa. O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, disse que a recusa da União Europeia (UE) em acusar abertamente a Ucrânia pela atual crise do gás é equivalente a um apoio a Kiev.

Em suas observações após reunião com a chanceler alemã Angela Merkel, na Alemanha, Putin acusou a Ucrânia de não cumprir suas obrigações sob a carta internacional de energia. O premiê russo disse que a ação ucraniana de impedir que o gás chegue à Europa é uma chantagem e que a Rússia não vai mais tolerar essa situação. Putin disse que empresas europeias de energia e a Rússia estão perto de criar um consórcio que vai financiar a compra do "gás técnico" que a Ucrânia precisa para enviar suprimentos de gás para o leste da Europa por meio de seus vastos gasodutos.

Após dez dias de falta de gás, que deixou mais de 15 países europeus lutando por fontes alternativa de energia, Rússia e Ucrânia continuam divididas sobre que preço a Ucrânia deve pagar pelo gás neste ano. Com a falta de uma solução, o gás russo não é enviado pelos gasodutos ucranianos.

A reunião de Yushchenko na capital ucraniana com seu colega eslovaco e o primeiro-ministro da Moldávia irritaram a Rússia. O presidente ucraniano assegurou aos visitantes que Kiev está fazendo de tudo para resolver a disputa. A Ucrânia não é contrária a uma reunião de cúpula para discutir a crise do gás, mas insiste que ela não seja realizada em Moscou.

A primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko e seu colega russo, Vladimir Putin, devem se reunir no sábado em Moscou, mas este parece ser um encontro diferente da reunião de cúpula solicitada pelo presidente russo Dmitry Medvedev.

O primeiro-ministro da República Checa, Mirek Topolanek, cujo país está na presidência rotativa da UE, vai enviar seu ministro de Indústria e Comércio para Moscou, mas a França anunciou que Sarkozy não irá. "As condições para uma reunião de cúpula são insuficientes", informou a embaixada da França em Moscou.

Durante um discurso sobre relações exteriores, Sarkozy disse que a credibilidade da Ucrânia e da Rússia está em jogo. "Eu conheço e entendo rivalidades políticas. Elas não devem ter como refém uma disputa energética que interessam a milhões de europeus. A credibilidade da Ucrânia está em jogo", disse ele. Em relação à Rússia, ele acrescentou: "Quando um país é responsável pelo suprimento de dois terços do gás que a Europa precisa, ele precisa respeitar seus clientes, da mesma forma como os clientes precisam respeitar o fornecedor".

A UE chamou as conversações do final de semana de "a última e melhor chance" de resolver a disputa e ameaçou reavaliar suas relações com a Rússia e a Ucrânia se não houver uma resolução até segunda-feira, mas aparentemente o comentário teve pouco impacto.

A Rússia deixou de enviar gás para uso doméstico na Ucrânia no dia 1º de janeiro, já que os dois países não entraram num acordo sobre preços. O governo russo acusou a Ucrânia de desviar o gás direcionado à Europa e de fechar as torneiras inteiramente no dia 7 de janeiro.

O corte forçou milhares de fábricas do leste da Europa a diminuírem a produção ou até mesmo a fecharem e deixou muitas pessoas tremendo em pleno inverno.

A Bulgária busca entregas emergenciais de energia da Grécia e da Turquia. Sérvia e Hungria elevaram suas emissões de poluição em razão do uso de combustíveis mais poluentes em sua fábricas. Já a Eslováquia disse que a falta de gás tem um custo de € 100 milhões (US$ 150 milhões) diários para sua economia. "Nós somos uma vítima da briga política entre Kiev e Moscou", disse o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

A Rússia retomou o envio de gás através da Ucrânia na terça-feira, depois de os dois países terem concordado em receber monitores da UE para verificarem o fluxo de gás. A Rússia diz que a Ucrânia impede o envio do produto para os europeus. Kiev diz que a Rússia quer enviar o gás por meio de uma rota que vai interromper o suprimento para os ucranianos.

Pelo quarto dia seguido, a Ucrânia recusou-se a enviar gás para a Europa.

A Ucrânia também exige que a Rússia forneça o chamado "gás técnico" necessário para fazer funcionar os compressores que enviam o gás para o oeste, em direção à Europa.

A Rússia havia insistido, previamente, que a Ucrânia pagasse por esse gás, mas Putin sugeriu, na quinta-feira, que um consórcio europeu comprasse o gás técnico da gigante do setor Gazprom.

O vice-presidente da Gazprom, Alexander Medvedev, disse nesta sexta-feira que a empresa italiana Eni SpA já concordou em unir-se à companhia russa na criação do consórcio e que espera que a alemã E.On Ruhrgas e a francesa Gaz de France decidam em breve.

A Gazprom vai vender o gás técnico a US$ 450 por mil metros cúbicos, praticamente o mesmo que os países europeus pagam atualmente pelo produto.

A companhia de gás ucraniana Naftogaz, controlada por Tymoshenko, informou que gostaria de discutir a proposta para o gás técnico. Mas o vice-chefe de equipe de Yushchenko, Roman Bezsmertny, disse que a ideia era uma tentativa do Kremlin de conseguir o controle da rede de gasodutos ucraniana.

A exigência da Rússia que a Ucrânia pague US$ 450 por mil metros cúbicos de gás em 2009, mais de duas vezes o valor pago no ano passado, é uma das principais questões econômicas em disputa, que também envolve a luta pelo domínio da região entre os dois vizinhos.

Rússia e Ucrânia têm estado em desacordo desde 2004, quando a Revolução Laranja levou Yushchenko ao poder. Seu desejo de fazer com que a Ucrânia faça parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da UE irritam Moscou. As informações são da Associated Press.

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