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Ucranianos se reuniram na Praça da Independência, em Kiev, para homenagear as vítimas das manifestações | REUTERS/Stringer
Ucranianos se reuniram na Praça da Independência, em Kiev, para homenagear as vítimas das manifestações| Foto: REUTERS/Stringer

Chefe da diplomacia europeia irá à Ucrânia amanhã

Agência Estado

A comissária de Relações Exteriores da União Europeia (UE), Catherine Ashton, irá amanhã Kiev para conversar com os principais atores políticos envolvidos nas mudanças que ocorrem no país depois de o Parlamento ucraniano ter derrubado o presidente Viktor Yanukovich.

Catherine Ashton pretende discutir o "apoio da UE a uma solução duradoura para a crise política, além de medidas que estabilizem a situação econômica", informou a assessoria de imprensa da comissária por meio de nota.

Não foram divulgados detalhes sobre quais "principais atores políticos" Catherine Ashton conversará durante os dois dias que permanecerá em Kiev, mas a intenção declarada na nota é promover um "processo de inclusão".

Milhares de ucranianos foram à Praça da Independência, de Kiev, neste domingo, com flores e velas em uma peregrinação espontânea para homenagear os manifestantes que morreram pela saída do presidente Viktor Yanukovich.

Acompanhados pelas barricadas por membros com capacete de uma força de "auto-defesa", as famílias passaram pela rua Institutska, cena, na semana passada, da pior violência em 22 anos de independência da Ucrânia.

Transformaram as ruas, onde dúzias de pessoas foram mortas pela polícia, que usou atiradores de elite e metralhadoras Kalashnikovs, em um santuário improvisado, acendendo velas e colocando flores nos paralelepípedos e tijolos que os manifestantes estocaram para usar como armas contra a polícia.

Flores foram colocadas nos escudos de membros da auto-defesa, um grupo extremista de protestantes, que ganhou força isoladamente, organizou unidades e não mostra sinais de desarmamento.

Yanukovich foi deposto, no último sábado, abandonou o seu escritório em Kiev e a sua residência e viajou para o leste da Ucrânia, onde nasceu, após o parlamento, cheio de desertores do seu Partido das Regiões, retirar os seus poderes.

Foi o clímax de três meses de protestos na Praça da Independência, conhecida como Maidan, contra a mudança de pensamento do presidente, que preferia se aproximar de Moscou, antigo mestre soviético, a reforçar as ligações com a Europa.

Mais de 80 pessoas foram mortas em confrontos armados com a polícia, rapidamente tornando-se mártires da causa.

Multidões desceram as ruas que levam à Praça da Independência silenciosamente, como se entrassem em um campo de batalha. Alguns gritaram "Glória para a Ucrânia!" e "Glória para os heróis!".

Homens com armaduras improvisadas, segurando tacos de baseball e escudos, guardaram os corredores do poder da Ucrânia - o parlamento, o centro da administração presidencial e o banco central. Alguns ostentaram totens de batalhas, pele de animais penduradas nos seus ombros ou capacetes.

"Meus parentes não morreram, mas eu me sinto em dívida com os que morreram, e quis prestar minhas homenagens", disse Lena Griyevic, 52 anos, residente de Kiev, segurando muitos cravos rosas.

Sob a Presidência de Yanukovich, "eu senti que havíamos voltado aos anos 1990, com todos esses bandidos. Estou encantada pelos nossos heróis. Nunca acreditei que isso pudesse acontecer".

Partido de Yanukovich responsabiliza presidente deposto por crise no paísEFE

Os parlamentares do Partido das Regiões (PR), do deposto presidente ucraniano Viktor Yanukovich, responsabilizou hoje o líder pela crise e os distúrbios que ocorreram nesta semana em Kiev e deixaram 82 mortos.

"A Ucrânia foi traída. Provocaram o confronto entre o povo. E toda a responsabilidade recai sobre Yanukovich e seu entorno mais próximo", afirmou em uma declaração o grupo parlamentar que foi a principal base de apoio do chefe do Estado destituído.

Os deputados do Partido das Regiões condenaram as "ordens criminosas que afetaram simples cidadãos, soldados e oficiais".

"Condenamos a fuga e pusilanimidade de Yanukovich. Condenamos a traição", diz o documento. Segundo o texto, a "Ucrânia foi enganada e saqueada, mas isto não é nada comparado com a dor de dezenas de famílias que perderam seus seres queridos em ambos os lados das barricadas".

O PR, acrescentaram os deputados, tem mais de um milhão de militantes e representa os interesses de mais de 10 milhões de eleitores.

"Estamos no Parlamento para servir à Ucrânia e seu povo", diz a declaração, enfatizando que as diferenças ideológicas "não são um impedimento para trabalhar conjuntamente pelo bem do país".

"Pode existir diferenças de opiniões, mas o objetivo é um: uma Ucrânia unida, forte e independente", afirma a nota.

A Rada Suprema (Parlamento) designou hoje como presidente interino do país Alexandr Turchinov, braço-direito da ex- primeira-ministra Yulia Tymoshenko e desde ontem chefe do Legislativo.

Ontem, a Rada Suprema destituiu Yanukovich, atualmente com paradeiro desconhecido, da chefia do Estado por abandono de suas funções.

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