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Organizações da etnia uigur pediram cautela nesta quinta-feira (27) sobre a versão oficial do conflito entre residentes locais e a polícia que causou pelo menos 27 mortes em uma cidade da região autônoma de Xinjiang, o berço da minoria de religião muçulmana, na China.

"O que sabemos sobre os eventos provém de informações divulgadas pelos meios estatais chineses. Só este fato deve servir de motivo para a comunidade internacional buscar mais detalhes sobre o incidente", afirmou o presidente da Associação Americana de Uigures (UAA), Alim Seytoff, em comunicado.

Seytoff também exigiu que o governo chinês faça o julgamento dos três indivíduos detidos "de acordo com os padrões internacionais".

Segundo as autoridades chinesas, grupos armados com facas atacaram ontem as principais delegacias e edifícios governamentais na cidade de Lukqun, no norte de Xinjiang. Durante os enfrentamentos morreram 17 pessoas - nove membros das forças de segurança e oito civis - antes de a polícia matar outras dez pessoas, informou a agência oficial chinesa, "Xinhua".

A agência acrescentou que pelo menos outras três pessoas ficaram feridas e foram transferidas para os hospitais mais próximos.

A UAA denunciou em sua nota o aparente corte de comunicações da região, depois que vários ativistas uigures tentaram entrar em contato, sem sucesso, com a região após os incidentes.

O Congresso Mundial Uigur, por sua parte, explicou que a tensão na região aumentou depois que uma criança uigur, Enkerjan Ariz, foi assassinada a facadas em abril deste ano.

Segundo algumas versões, o gerente (de etnia han, a majoritária na China) de uma fábrica de tijolos matou o menor ao apanhá-lo junto com outras duas crianças após um furto.

A emissora "Rádio Free Ásia" (RFA) informou que após a morte do menor, residentes uigures atacaram os han nas proximidades da fábrica até que foram reprimidos pelas forças policiais, que declararam que o gerente era um doente mental e que o assassinato "não era um assunto étnico".

Xinjiang é uma das regiões da China, junto com o Tibete, onde são frequentes as tensões entre minorias como os uigures e colonos da etnia han.

Os uigures acusam Pequim de acabar com sua cultura tradicional e de explorar seus recursos naturais, através do assentamento de colonos da etnia han desde que a região foi anexada à China em 1949.

Em 1957, a minoria uigur representava 94% da população de Xinjiang. Hoje são menos da metade do censo de 20 milhões.

Pequim defende um maior controle na região para fazer frente aos grupos "separatistas, extremistas e terroristas" e costuma realizar detenções e julgamentos contra aqueles considerados suspeitos por esses crimes.

Os incidentes ocorreram pouco antes do quarto aniversário do pior conflito étnico na China, que aconteceu no dia 5 de julho de 2009, quando protestos de uigures nas principais ruas de Urumqi, a capital de Xinjiang, se transformaram em enfrentamentos violentos com os colonos han e ocasionaram 200 mortes.

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