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O vídeo em que torcedores brasileiros cercam uma mulher e a induzem a falar palavras obscenas rendeu uma repercussão tão bizarra quanto o próprio fato em si. Russos, que aparentam ser ultranacionalistas, estão usando a expressão vulgar ‘b... rosa’ como hashtag e nomes de comunidades na rede social VK - uma espécie de versão russa do Facebook e o site mais acessado no país - para criticar o comportamento de russas que aparecem em vídeos com estrangeiros.

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Nesses espaços online, eles responsabilizam as mulheres por cenas de abusos e afirmam que o comportamento delas ofende a “masculinidade dos patriotas”, além de exporem o perfil e imagens de várias russas - entre elas a mulher que aparece no vídeo gravado pelos brasileiros.

Uma dessas comunidades se apresenta como uma página de humor e afirma que não tem a intenção de ofender qualquer pessoa, mas em uma das postagens diz que as mulheres “desonraram o país perante o mundo inteiro”.

Segundo a BBC, além de machismo, as postagens carregam conteúdo racista. “É importante entender que os resultados de tudo isso serão, em primeiro lugar, pragas", escreveu um usuário. "Os negros trouxeram tuberculose na Olimpíada de 1980, vindo com documentos falsos sem exames médicos ou vacinas". Brasileiros e latino-americanos foram chamados de “macacos” e “imundos”.

Comportamento incentivado por autoridade

A parlamentar Tamara Pletnyova, chefe do comitê de mulheres, família e crianças da Duma (a câmara baixa do Parlamento da Rússia), deu uma entrevista a uma estação de rádio de Moscou, na primeira semana da Copa, em que parecia criticar crianças mestiças ao pedir que as mulheres russas evitassem dormir com estrangeiros durante a Copa do Mundo. 

"Seus filhos sofrerão por isso. Eles sofreram no passado, desde o período soviético", disse a parlamentar, Tamara Pletnyova, segundo o The Guardian, que disse estar se referindo a crianças mestiças nascidas como resultado os Jogos Olímpicos de Moscou em 1980. "É bom se eles forem de uma raça só, mas se eles são de uma raça diferente, então é pior. Devemos ter nossos próprios filhos".

O caso dos brasileiros

Uma das principais ativistas pelos direitos das mulheres na Rússia, a advogada Alyona Popova, iniciou um abaixo-assinado para pressionar os órgãos equivalentes ao Ministério Público no Brasil a entrarem com uma denúncia contra os brasileiros envolvidos na “brincadeira” do vídeo por insulto contra a honra. O abaixo-assinado, também traduzido para o Português, já contava com 62.400 assinaturas até a manhã desta quarta-feira (27). De acordo com a BBC, Popova também é alvo de comentários machistas nessas comunidades.

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