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Newt Gingrich e Mitt Romney | Fotos: Alex Wong/AFP
Newt Gingrich e Mitt Romney| Foto: Fotos: Alex Wong/AFP

Newt Gingrich elevou a qualidade da disputa

Criticados pela falta de criatividade quando estão na oposição, os republicanos, na opinião do professor Másimo della Justina, da PUCPR, "costumam ganhar votos na fraqueza dos oponentes".

Um exemplo desse método é a campanha de Mitt Romney, centrada em detonar o governo do presidente Barack Obama. Agora, com a ascensão de Newt Gingrich dentro do partido, o desafio de Romney é mostrar algo além de críticas.

"Os republicanos têm uma habilidade maior [do que os democratas] para transformar a retórica do nacionalismo militarista em uma campanha de liberdade pelo mundo", diz Della Justina. "Os democratas não são menos imperialistas, mas preferem lançar mão da diplomacia e dos direitos humanos."

Um aspecto destacado pelo professor é o eleitorado fiel ao Partido Republicano que se encontra entre as minorias do país – entre os hispânicos, por exemplo. "E quem migra para os EUA se associa mais aos ideais republicanos do que aos democratas", diz.

A revista britânica The Econo­­­mist, comentando especificamente o desempenho de Newt Gingrich – ele saiu de meros 5% da preferência para se tornar o favorito dos republicanos em um intervalo de semanas –, descreve o ex-presidente da Câmara como um "grande artista". Durante um discurso, ele é capaz de citar os escritores Albert Camus e George Orwell, fazer uma "cascata de alusões históricas", listar datas e referências, entre outras proezas. Ele demonstra ter mais talentos do que se espera de um republicano. (IBN)

A lista

Quem são os nove políticos que disputam a indicação do Partido Republicano:

Michele Bachmann – deputada por Minnesota

Newt Gingrich – ex-presidente da Câmara

Jon Huntsman – ex-governador de Utah

Gary E. Johnson – ex-governador do Novo México

Ron Paul – deputado pelo Texas

Rick Perry – governador do Texas

Buddy Roemer – ex-governador de Louisiana

Mitt Romney – ex-governador de Massachusetts

Rick Santorum – ex-senador pela Pensilvânia

Fonte: The New York Times.

Republicanos se engalfinham para ganhar a indicação do partido e, com ela, a chance de disputar a Presidência dos Estados Unidos em 2012 contra a reeleição de Barack Obama. Por enquanto, são nove pré-candidatos – eram dez, mas Herman Cain desistiu na semana passada, pressionado por acusações de assédio sexual.

A julgar por pesquisas de opinião e pela postura dos democratas que se ocupam da campanha de Obama, sete dos nove republicanos são insignificantes. Quem interessa de fato é Mitt Romney e Newt Gingrich.

Uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times na última quinta-feira informa que a equipe democrata, antes preocupada com Romney, agora presta atenção em Gingrich, que se beneficiou da saída de Cain e ganha cada vez mais terreno.

Gingrich tem o apoio de integrantes do Tea Party, a ala mais reacionária do Partido Republica­­no, além de parecer simpático para a classe média americana, duas qualidades que o tornam mais forte que Romney.

No domingo passado, Romney saiu na capa da revista do New York Times e ganhou um perfil longo que procura explicar como ele consegue se manter no jogo contra vários prognósticos.

Para o professor Mássimo della Justina, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), "vai ser difícil ganhar do Obama". A vantagem de Mitt Romney, segundo o analista, é um certo dinamismo – ele fez fortuna comprando e vendendo empresas –, além de ter apelo com os eleitores do centro, que não se identificam nem com os republicanos nem com os democratas mais radicais.

Della Justina define Gingrich, no outro canto do ringue, como um homem "moderno", ao me­­nos no que diz respeito a matrimônios.

Na função de presidente da Câmara dos Representantes, Gingrich tomou a frente nos processos relacionados ao pedido de impeachment do então presidente Bill Clinton. Na mesma época em que pedia a cabeça de Clinton por causa de mentiras que tentaram acobertar as estripulias extraconjugais do mandatário, o próprio Gingrich estava tendo um caso com uma funcionária da Câmara, chamada Callista Bisek, sua atual (e terceira) mulher.

"Romney é muito parecido com Obama", diz Della Justina. Para complicar ainda mais, o professor afirma que, "durante a gestão de uma crise, os partidos têm pouco espaço para oferecer projetos próprios. Eles têm de lidar com a crise".

A maior dificuldade à espera o republicano que vencer as primárias do partido – que começam no dia 3 de janeiro, no estado de Iowa – é o carisma de Obama. "Ele ainda fala bem e as pessoas sabem quem ele é", diz o professor.

Apesar dos problemas econômicos, há algumas conquistas que dão crédito ao atual presidente: a morte de Osama bin Laden, a saída das tropas americanas do Iraque e mesmo o fim de Muamar Kadafi. "Há também a regulamentação do setor financeiro", diz Della Justina. Contra Obama, pesam os gastos do governo, que aumentam o déficit público.

Professora de Geopolítica do Grupo Dom Bosco, Luciana Worms diz que os eleitores se concentram nas diferenças entre democratas e republicanos, embora os discursos dos partidos sejam parecidos. "Todos são liberais, mas os eleitores acabam se apegando a questões como: ‘Quem é a favor da venda de armas?’ ou ‘Quem é contra o casamento gay?’ na hora da votar", explica Luciana.

Na opinião dela, uma questão é clara em relação aos EUA: "Quando a coisa está ruim, eles trocam de presidente. E os eleitores estão mais preocupados com o dinheiro na conta corrente [do que com qualquer outra coisa]".

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