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Conheça a terra que Kadafi comanda |
Conheça a terra que Kadafi comanda| Foto:
  • Vista panorâmica da cidade de Trípoli, capital da Líbia, às margens do Mar Mediterrâneo. O turismo é um dos setores que mais podem avançar em caso de queda do ditador Kadafi, avaliam especialistas

O iminente fim de mais de quatro décadas de isolamento da Líbia deve evidenciar o potencial econômico do país, revelar uma exuberância natural e histórica e libertar uma sociedade com sede de democracia. De acordo com especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, essa é a riqueza escondida do mundo e que, pelos últimos 42 anos, tem sido sugada pelos que sustentam o regime do ditador Muamar Kadafi – principalmente ele próprio.Atual "olho do furacão" da revolta árabe, a Líbia fica no norte da África. Tem, entre os vizinhos, Egito e Tunísia, justamente os dois países onde os recentes levantes culminaram na queda dos respectivos mandatários.

Ao mesmo tempo, está separada do sul da Europa apenas pelo Mar Mediterrâneo, o que facilita o comércio de petróleo e gás, essencialmente. São essas duas riquezas naturais – as principais do país – as responsáveis pelo PIB e renda per capita relativamente altos para padrões africanos.

"Isso não significa que a população tenha uma situação economicamente tranquila. A renda não é bem distribuída e a desigualdade social é muito grande", aponta Marcos Alan dos Santos Ferreira, professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. "Em geral, quem é ligado ao governo ou à família do Kadafi acaba controlando boa parte desse dinheiro."

O petróleo foi descoberto apenas em 1959. "Até então, a Líbia era literalmente um caixão de areia", define Wilson Maske, professor de História da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Na época, uma monarquia, articulada pela ONU, governava o país. Foi a solução ocidental para pôr fim à ocupação, sem perda de influência, de França e Grã-Bre­­tanha – estes, anteriormente, ha­­viam despachado os italianos do território, durante a Segunda Guer­­ra. Em 1969, o rei foi derrubado num golpe militar liderado por Kadafi.

História

De acordo com o professor Mas­­ke, há vastos registros pré-históricos no país, como pinturas ru­­pestres. Além disso, pelo fato de a Líbia ter abrigado fenícios e gregos e os impérios romano e otomano ao longo dos tempos, são inúmeras as relíquias e as ruí­­nas históricas, completa o professor Ferreira:

"Teríamos muitas surpresas em escavações no futuro. O turismo também pode se beneficiar disso, sem falar do litoral exuberante." Outra peculiaridade geográfica chama atenção: boa parte do território líbio abriga o deserto do Saara, o que "empurra" a população para as cidades litorâneas.

No entanto, é do próprio povo líbio que devem vir as maiores surpresas, avalia Maske: "Eu nasci em 1968. Seu fosse líbio, eu não saberia o que é democracia. Imagine, então, a sede de liberdade que os líbios têm. Essa ideia, na minha opinião, resume o movimento revolucionário que a gente vê agora: é um grande ‘basta!’ à opressão de anos e anos."

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