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Acampamento dos tripulantes do Terra Nova | Robert Falcon Scott (Little, Brown)/Divulgação
Acampamento dos tripulantes do Terra Nova| Foto: Robert Falcon Scott (Little, Brown)/Divulgação

As fotografias

O mundo polar retratado pelo pioneiro Robert Falcon Scott

Da Redação

A bordo do Terra Nova, Robert Falcon Scott chegou muito perto de ser o primeiro homem a alcançar o Polo Sul. Quando chegou lá, no dia 17 de janeiro de 1912, descobriu que o explorador norueguês Roald Amundsen foi mais rápido.

Não bastasse essa frustração para Scott, quase toda a sua tripulação morreu no caminho de volta da Antártida, incluindo o próprio capitão.

As fotografias feitas por Scott desapareceram por um tempo. De acordo com a editora Little Brown, as imagens foram "perdidas, disputadas e ignoradas". Até serem arrematadas por um colecionador e, por fim, publicadas pela primeira vez.

Na página do jornal The New York Times, há uma seleção de 13 imagens de um total de cem. Há várias panorâmicas de paisagens geladas, além de registros do grupo liderado por Scott e de formações geológicas.

O historiador David M. Wilson, organizador do livro, defende a qualidade técnica, o valor científico e, claro, a carga dramática que envolve os trabalhos.

Uma das fotografias mostra uma linha de homens puxando pôneis no meio de um branco sem fim e cria uma atmosfera surreal – eles parecem flutuar no meio do nada.

  • Robert Falcon Scott, oficial da marinha inglesa que chegou ao Polo Sul para descobrir que o norueguês Roald Amundsen havia sido mais rápido, tornando-se o primeiro homem a completar o feito

O historiador e estudioso da re­­gião polar David M. Wilson to­­ma­­va uma bebida em um mercado de arte alguns anos atrás quando um colecionador desconhecido aproximou-se. Segundo Wil­­son, ele disse: "Você não vai adivinhar o que eu tenho em minha coleção".

O colecionador era Richard Kossow, o homem que, em 2001, adquiriu um portfólio de fotografias da Antártida do início do século 20. Contudo, não eram fotos comuns da Antártida. As imagens eram da expedição de Robert Fal­­con Scott (1868-1912) que durou de 1910 a 1913 e na qual ele e vá­­rios homens – incluindo o tio-avô de Wilson, Edward Wilson – mor­­reram ao regressar.

Além disso, não eram registros de uma expedição quaisquer, con­­tou Kossow. Eram fotos tiradas pelo próprio Scott. "Eu quase en­­gasguei com o gim-tônica", lembra Wilson.

Durante muito tempo, o paradeiro da maioria das fotos do ex­­­plorador britânico – tiradas nas proximidades do local de invernagem na ilha Ross e no ca­­minho em direção ao polo – fo­­ra um mistério. Apenas uma ou duas dezenas haviam sido publicadas, e muitas delas foram atribuídas a outras pessoas de forma in­­devida.

As fotos não publicadas apa­­ren­­temente permaneceram por dé­­cadas em um arquivo comercial.

Agora, às vésperas do centenário da morte de Scott (março de 2012), Wilson publicou todas as imagens no livro The Lost Photo­­graphs of Captain Scott ("As Foto­­grafias Perdidas do Capitão Scott", em tradução livre), juntamente com descrições detalhadas do local e do momento em que foram tiradas, da melhor maneira que foi possível ao autor determinar.

Referência

Scott contratou Herbert Pon­­ting (1870-1935), conhecido fotógrafo profissional de viagens. As fotografias dele estão entre as mais ce­­lebradas da história da exploração polar.

Nunca se esperou que Ponting realizasse a árdua viagem da ilha Ross ao polo com trenós, pôneis e cachorros. Em vez disso, ele mi­­nistrou um curso intensivo de fo­­tografia a Scott e outras pessoas, ensinando-os a usar câmeras vo­­lumosas, lentes e filtros, e a tirar fotos com adequada exposição à luz em condições extremas.

A curva de aprendizagem foi bastante acentuada – depois dos estágios iniciais, a capacidade de reter informação diminuiu muito –, mas Scott tornou-se um dos melhores alunos de Ponting.

Muitos de seus fotógrafos provêm dessas sessões de treinamento.

Sophie Gordon está montando uma exposição de trabalhos de Ponting como curadora sênior da coleção real do Castelo Windsor e Frank Hurley, fotógrafo de uma época mais recente da Artártida, afirmou que Scott aprendeu bem com o professor.

"Ele realmente usou de sensibilidade artística", afirma Gor­­don. "As suas melhores fotos pa­­recem com as de Ponting", afirma.

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