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Com as dificuldades econômicas de hoje, pensei que, ao chegar ao Paquistão, encontraria Osama Bin-Laden, o arrastaria de volta para casa na minha mochila e o declararia na al­­fândega americana para receber a recompensa de US$ 27 milhões. Mais sobre essa missão em instantes. Primeiro, outro enigma aqui do Paquistão:

Os Estados Unidos ofereceram US$ 18 bilhões em ajuda ao Paquistão desde setembro de 2001, mas o governo paquistanês abriga o Talibã afegão enquanto mata soldados americanos e suga o Tesouro americano. Além disso, apenas 8% dos paquistaneses confiam no presidente Barack Obama, de acordo com o Pew Research Center. Não chega nem à metade dos que expressam confiança em Bin Laden.

Enquanto isso, o Paquistão busca ajuda humanitária pós-enchente de contribuintes ocidentais, mas quase não taxa seus próprios cidadãos abastados. Seus latifundiários feudais se opõem historicamente a boas escolas, temendo que os paquistaneses pobres – se educados – não aceitem a opressão.

Uma razão pela qual o Paquistão às vezes é chamado de país mais perigoso do mundo é esta: uma criança no jardim da infância neste país tem apenas 1% de chance de chegar ao último ano da escola, de acordo com a Força-Tarefa de Educação do Paquistão, um painel oficial. Uma típica criança paquistanesa tem muito menos tendência a ser instruída do que uma criança típica da África sub-saariana.

Agora vamos dar uma pausa para receber um raio de esperança. Esta é minha primeira viagem ao Paquistão em anos no qual a derrapada ladeira abaixo do país parece ter sido interrompida – e isso apesar das enchentes que recentemente devastaram o país. Mas o mais importante é que os membros da emergente classe média paquistanesa estão tendo mais voz.

Eles estão enfurecidos com os terroristas que vêm fragmentando seu país, ficam alarmados com a corrupção e o analfabetismo, e querem paz para que seus filhos possam ter educação e uma vida melhor. A obsessão deles é a universidade, não a Caxemira.

Hoje em dia, a classe média não está apenas ofuscando os latifundiários feudais, mas também rejeita o velho desprezo feudal pelas massas. Um reflexo da participação da classe média é o surgimento da The Citizens Foundation (TCF), um incrível grupo de ajuda iniciado por empresários frustrados com as terríveis escolas do país.

Inspiração

A pessoa mais inspiradora que conheci nesta viagem ao Paquistão não foi uma importante autoridade de governo, mas uma menina de 17 anos. Zahida Sardar, uma entusiasmada adolescente de aparelho nos dentes e sorriso radiante, antes padecia numa deplorável escola estadual em Minhala, nos arredores de Lahore. "Um professor só aparecia duas vezes por mês", lembra Zahida.

Numa escola como aquela, Zahida temia não ter chance de se tornar médica ou professora. Ela começou a insistir aos pais que a mandassem à escola da TCF, para que ela pudesse ter uma educação de verdade, mas os pais são analfabetos e temiam as mensalidades.

"Meu pai disse que não ia pagar. ‘Por que devemos gastar dinheiro com educação?’, disse ele", contou Zahida. Conheci a mãe de Zahida, Sardara, que me contou que a menina estava impossível e simplesmente não aceitava "não" como resposta. "Ela nos ganhou no braço", disse Sardara. Tímida, a mãe visitou a escola da TCF, e o diretor concordou em fazer um teste com Zahida. A menina teve um desempenho brilhante e foi aceita por uma taxa bastante reduzida de 50 centavos de dólar por mês.

Hoje Zahira é uma estrela no penúltimo ano da escola – e fala comigo confortavelmente em inglês. Ah, e Bin-Laden? Bem, talvez eu tenha mais sorte na próxima viagem. Mas descobri que é Zahida e outros jovens paquistaneses instruídos que irão derrotá-lo.

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