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Curitiba – A eleição para a prefeitura de Buenos Aires, hoje, tomou dimensões maiores do que apenas a escolha do novo chefe de governo da capital argentina. Estão em jogo também a força eleitoral do presidente do país, Néstor Kirchner, e a consolidação de um novo nome da oposição, Maurício Macri.

Empresário e presidente do Boca Juniors, maior time do país, Macri lidera as pesquisas, mas não deve conseguir mais de 50% dos votos e evitar o segundo turno. A briga pela outra vaga está polarizada entre dois candidatos do mesmo partido – o Partido Justicialista, do presidente –, mas de alas diferentes.

Um é o atual prefeito da cidade, Jorge Telerman, que tentou, sem sucesso, a vaga de "candidato oficial". Repelido pela turma de Kirchner, buscou apoio com a pré-candidata a Presidência da Argentina, Elisa Carrió, forte crítica do governo federal. O outro é o Ministro de Educação, Daniel Filmus, respaldado pelo presidente e a ala governista do partido. Filmus, pouco conhecido da população à época do lançamento de sua candidatura, ganhou força durante a campanha e é a maior esperança de Kirchner para lançar sua mulher, Cristina, à Presidência, em outubro próximo. No caso de uma vitória de Macri, e portanto com a oposição mais forte, especialistas acreditam que o próprio presidente deva tentar a reeleição.

"Essa eleição para a prefeitura vai indicar o caminho para as eleições presidenciais. Se ganhar o Macri, vai ser um golpe contra Kirchner, mas não quer dizer que ele (Kirchner) ou Cristina não vão vencer em outubro, porque ainda não apareceu um candidato presidencial forte de oposição. Se bem que ainda faltam quatro meses para a eleição e isso é bastante tempo em política", diz uma fonte da diplomacia argentina, que prefere não ser identificada.

Ainda que Kirchner considere a eleição em Buenos Aires um referendo sobre sua atuação na Presidência, a cidade nunca foi um reduto peronista. "Até hoje, os portenhos elegeram apenas um prefeito peronista. Mas além disso, a questão também é se Macri vai ou não repetir seu desempenho na eleição de 2003, quando foi derrotado no segundo-turno. Ele é um candidato que possui um piso alto de votos, mas um teto baixo. Ele é muito rechaçado pela população", disse à Gazeta do Povo Matias Muraca, professor de Sociologia Política da Universidade Nacional de General Sarmiento, na Grande Buenos Aires.

Entre as maiores preocupações do eleitorado está a segurança. Após a crise econômica que abalou o país em 2001, o número de assaltos e seqüestros em Buenos Aires, inclusive nos bairros mais nobres, cresceu e assustou a população. Fora isso, os problemas do trânsito e transporte público também dominam as discussões entre os candidatos. "Buenos Aires tem um problema de infra-estrutura muito grande e que vem crescendo cada vez mais. O transporte público é bastante deficiente e quando chove, as inundações são freqüentes", diz Muraca.

Se Macri garantir a vitória no segundo-turno e levar a prefeitura, ele já afirmou que pretende se lançar candidato à Presidência em 2011. Caso perca, aumentam as chances de um Kircher (Néstor ou Cristina) à frente do país por mais quatro anos. Independentemente do resultado, o caminho para a Casa Rosada passa necessariamente pela prefeitura de Buenos Aires. ß Breno Baldrati

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