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Paraguaios favoráveis ao presidente Fernando Lugo protestaram depois da decisão da Câmara dos Deputados | AFP PHOTO / NORBERTO DUARTE
Paraguaios favoráveis ao presidente Fernando Lugo protestaram depois da decisão da Câmara dos Deputados| Foto: AFP PHOTO / NORBERTO DUARTE

A Unasul enviará uma missão de chanceleres ao Paraguai às 19h de Brasília para defender a democracia, afirmou nesta quinta-feira (21) o chanceler Antonio Patriota, após uma reunião de chefes de Estado e ministros do bloco sul-americano.

"Os presidentes da Unasul decidiram o envio de uma missão de chanceleres que partirá às 19h do Rio de Janeiro" para analisar o julgamento político de destituição que o presidente paraguaio, Fernando Lugo, enfrentará, informou Patriota a jornalistas.

"Eu integrarei essa missão, e também o secretário-geral da Unasul, (o venezuelano) Alí Rodríguez", disse. "Os presidentes expressaram a convicção de que se deve preservar a estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática paraguaia, conservar o pleno cumprimento dos dispositivos constitucionais e assegurar a defesa do devido processo", afirmou Patriota.

"Os presidentes consideram que os países da Unasul conquistaram a democracia com muito esforço e, nesse sentido, nós devemos ser defensores extremos da integridade democrática", declarou.

Nesta quinta-feira, a Câmara dos Deputados paraguaia aprovou por 76 votos contra 1 um julgamento político contra Lugo, acusado de mau desempenho de suas funções após o confronto armado que matou seis policiais e 11 camponeses na sexta-feira passada.

O presidente, que não viajou à cúpula Rio+20, anunciou em coletiva de imprensa que não renunciaria e que se submeterá ao devido processo.

A Unasul é um órgão político formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

Lugo promete lutar contra impeachment

O presidente prometeu lutar contra a proposta aprovada na Câmara dos Deputados para seu impeachment. A oposição, que controla do Congresso, tenta tirar proveito do resultado violento de uma ação para a retirada de trabalhadores sem-terra na semana passada.

"Não vou renunciar", disse Lugo em coletiva de imprensa transmitida pela televisão nesta quinta-feira. Na manhã desta quinta, a Câmara dos Deputados aprovou, por 73 votos a 1, o impeachment do presidente. A proposta seguirá agora para o Senado, controlado pela oposição.

"Nossas conquistas, particularmente na esfera social, geraram reações dos setores insensíveis e egoístas que sempre viveram com privilégios e nunca quiseram compartilhar os benefícios da prosperidade com o povo", declarou Lugo.

A justificativa para o impeachment foi a desastrada ação das forças de segurança na remoção de sem-terra de uma fazenda privada, no fértil nordeste do país, na sexta-feira. Pelo menos seis policiais e 11 sem-terra foram mortos nos confrontos em Curuguaty, 250 quilômetros a nordeste da capital, Assunción.

Confrontos violentos pela posse de terras são comuns no Paraguai onde a maior parte das terras produtivas estão nas mãos de uma pequena parte de população. O país é um dos mais pobres do continente.

A economia paraguaia é predominantemente agrícola. O país é o quarto maior exportador de soja do mundo e foi o oitavo maior exportador de carne bovina no ano passado, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Lugo, ex-bispo católico, chegou à presidência em 2008 com a promessa de fazer uma reforma agrária. Mas a iniciativa foi barrada no Congresso, dominado pela oposição.

Lugo, de 61 anos, é impedido pela Constituição Paraguaia de tentar um segundo mandato. O apoio ao presidente tem recuado em razão de uma série de escândalos de paternidade.

No início do mês, Lugo afirmou que reconheceria a paternidade de um segundo filho, um menino de 10 anos. Quatro mulheres disseram ser mães de filhos do presidente desde sua eleição.

Caso Lugo perca o cargo, ele será substituído pelo vice, Federico Franco.

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