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Irina Bokova (centro), diretora-geral da Unesco, durante a sessão que aprovou a Palestina como membro pleno da organização | Miguel Medina/AFP
Irina Bokova (centro), diretora-geral da Unesco, durante a sessão que aprovou a Palestina como membro pleno da organização| Foto: Miguel Medina/AFP

"Prematura"

Casa Branca critica a decisão

A Casa Branca disse que a aprovação do ingresso da Palestina na Unesco, a agência cultural da ONU, como estado membro pleno foi "prematura" e ameaça os esforços da comunidade internacional em alcançar a paz na região.

O porta-voz do governo dos Estados Unidos Jay Carney afirmou ainda que a decisão é também uma distração à meta de reiniciar as negociações diretas entre israelenses e palestinos. "A votação de hoje [ontem] na Unesco para admitir a Autoridade Palestina é prematura e prejudica a meta compartilhada da comunidade internacional de uma paz abrangente, justa e duradoura no Oriente Médio", disse.

A Unesco decidiu admitir a entrada da Palestina como membro total no órgão na 36ª Conferência Geral com uma resolução foi aprovada com 107 votos a favor e 52 abstenções. Foram contra 14 membros.

A admissão representa uma vitória moral aos palestinos na tentativa de obter a condição de membro pleno da ONU, mas pode ter um grande custo para a Unesco.

Os Estados Unidos – que se retiraram da Unesco em 1984 argumentando que não estava de acordo com a gestão do organismo, regressando em 2003 – advertiram em reiteradas ocasiões que poderá cortar sua ajuda econômica à Unesco, de 22% do orçamento bianual, que chega a US$ 653 milhões.

A condição anterior dos palestinos era de membro observador.

Folhapress

Sob a ameaça de ficar sem a contribuição financeira dos Estados Unidos, a Unesco (Orga­­nização da ONU para Educação, Ciência e Cultura) aprovou on-­­ tem por grande maioria a entrada da Palestina como membro pleno.

Em resposta, o governo americano anunciou o congelamento de um repasse de R$ 102 milhões à Unesco previsto para novembro. Uma lei de 1994 do Congresso dos Estados Unidos proíbe o financiamento de agências da ONU que aceitem a Pa­­lestina como membro pleno.

A iniciativa na Unesco é mais um passo da campanha palestina para obter o reconhecimento da ONU. No mês passado, o presidente da ANP (Autoridade Na­­cional Palestina), Mahmoud Ab­­bas, en­­trou com um pedido para que o Estado palestino seja aceito como membro da organização, onde também encontrou forte resistência dos EUA.

Apesar da oposição americana, a votação na Unesco teve larga maioria em favor do pedido palestino. Dos 173 membros que votaram, 107 foram a favor, entre eles Brasil, Rússia e China. Quatorze disseram não, incluindo Estados Unidos, Alemanha e Holanda. A aprovação foi recebida com aplausos na sede da Unesco, em Paris.

Patrimônio mundial

"Essa votação apaga uma pequena parte da injustiça causada ao povo palestino", festejou o chanceler da ANP, Riad Malki. Uma das primeiras iniciativas palestinas deve ser a candidatura da Igreja da Natividade, em Belém, a Patri­­mônio Mundial.

Segundo a embaixadora do Brasil na Unesco, Maria Laura da Rocha, o voto favorável foi um ges­­to coerente com a "posição tradicional" do Itamaraty, de reconhecimento do Estado pa­­lestino.

"Nosso voto é na direção de fa­­cilitar o diálogo que possa levar à paz", disse, de Paris. Se­­gundo ela, a contribuição do Brasil equivale a 1,6% do orçamento anual da Unesco.

"Lamentável"

Para os Estados Unidos, o efeito é o oposto. Vic­­toria Nuland, porta-voz do De­­partamento de Estado classificou de "lamentável e prematura" a vo­­tação. "Ela mina nossa meta conjunta de uma paz abrangente, jus­­ta e duradoura no Oriente Mé­­dio", criticou Nuland, confirmando a suspensão do repasse de verbas.

A contribuição americana re­­presenta 22% do orçamento. Is­­rael também condenou a votação e anunciou que irá rever sua colaboração com a Unesco, para a qual contribui com 3% do orçamento, além de estudar possíveis sanções à Autoridade Pa­­lestina.

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