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Iranianos caminham pela feira de Tajrish, em Teerã. Diplomatas da União Europeia aprovaram uma série “sem precedentes” de  sanções contra o Irã | Atta Kenare/AFP
Iranianos caminham pela feira de Tajrish, em Teerã. Diplomatas da União Europeia aprovaram uma série “sem precedentes” de sanções contra o Irã| Foto: Atta Kenare/AFP

Repercussão

EUA elogiam atitude da UE Washington

O Governo dos Estados Unidos elogiou ontem o acordo da União Europeia para impor um embargo às importações de petróleo iraniano em resposta ao desenvolvimento nuclear do regime de Teerã.

O presidente americano, Barack Obama, disse em comunicado que aplaude a ação europeia "em resposta à contínua recusa do regime do Irã em satisfazer suas obrigações internacionais no que diz respeito a seu programa nuclear".

Na opinião de Obama, as medidas tomadas pelo bloco europeu "demonstram mais uma vez a unidade da comunidade internacional para responder à séria ameaça representada pelo programa nuclear iraniano" e advertiu que a pressão continuará a não ser que o país "atue para mudar seu rumo".

O Departamento de Estado e do Tesouro dos EUA afirmaram em comunicado conjunto que "as medidas estipuladas pelos ministros de Relações Exteriores da UE são outro passo contundente no esforço internacional para aumentar a pressão sobre o Irã", consistentes com as medidas já tomadas por Washington contra o programa nuclear do país.

EFE

Os países-membros da União Eu­­ropeia concordaram ontem em embargar o petróleo do Irã, como parte de uma série de sanções contra o país por seu programa nuclear. As medidas incluem um em­­bargo imediato a novos contratos para petróleo e petroquímicos.

Os contratos existentes poderão vigorar até 1.º de julho. O Irã prometeu uma resposta às sanções no dia 11 de fevereiro e ameaçou retaliar o embargo com o fechamento do Estreito de Or­­muz, por onde passam de 20% a 40% do petróleo exportado por ano, se­­gundo diversas estimativas. Além do embargo ao petróleo iraniano, chanceleres dos 27 países da UE concordaram em congelar os ativos do Banco Central do Irã nos países do bloco europeu.

A escalada da crise iraniana comporta vários riscos – de au­­mento do preço do barril do petróleo, de crescimento da instabilidade financeira mundial e de uma potencial ação militar para manter a passagem de Ormuz aberta.

Uma fonte diplomática afirmou que as sanções pelos Estados-membros entram em vigor assim que publicadas no boletim oficial da UE, possivelmente hoje. Porém haverá uma regulação adicional relativa ao setor privado, incluindo traders e companhias do setor de petróleo. "A pressão das sanções é feita para tentar garantir que o Irã leve a sério nosso pedido para que venha à mesa de negociações a respeito do programa nuclear", afirmou a chefe da política externa da UE, Catherine Ashton.

Em outubro, Ashton enviou uma carta a Saeed Jalili, principal negociador nuclear do Irã, afirmando que seu objetivo era uma solução negociada "que restaure a confiança internacional na na­­tureza exclusivamente pa­­cífica do programa nuclear do Irã". Ela afirma não ter recebido resposta.

Negociadores da UE trabalham para garantir que o embargo puna apenas o Irã, e não países em dificuldades financeiras que dependem do petróleo barato ira­­niano – como a Grécia.

Os negociadores concordaram em fazer uma revisão dos efeitos das sanções, que deve ser concluída até 1.º de maio, disse um diplomata pedindo anonimato.

Espanha, Grã-Bretanha e Fran­­ça elogiaram abertamente o em­­bar­­go. O chanceler espanhol José Ma­­nuel García-Margallo disse que a Espanha comprará petróleo da Ará­­bia Saudita.

"A Arábia Sau­­dita e os outros países árabes do Golfo [Pér­­sico] nos garantiram que venderão o petróleo ao mesmo preço que pa­­gá­­vamos ao Irã", acredita. Atual­­men­­te, a Espanha importa 20% do petróleo que consome do Irã.

Estreito será fechado no caso de sanções, rebate parlamentar

O ministro das Relações Exte­­riores da Grã-Bretanha, William Hague, disse que o embargo ao petróleo iraniano faz parte de uma série "sem precedentes" de sanções ao regime iraniano por causa do programa nuclear. "Eu penso que isso mostra a resolução da Europa nesta questão", disse Hague.

O ministro das Finanças da Itália, Giulio Terzi, disse que o efeito do embargo ao petróleo iraniano será "quase nulo" sobre a economia italiana, uma vez que a Itália está diversificando suas compras de petróleo.

Mas a resposta inicial do Irã foi dura. Dois parlamentares iranianos ameaçaram fechar o Es­­treito de Ormuz. O parlamentar Mohammed Ismail Koswari, vice-líder do comitê de segurança nacional, disse que o Estreito "será fechado se a venda do pe­­tróleo iraniano for violada de qualquer maneira".

O Estreito de Ormuz, que tem 54 quilômetros de largura no seu ponto mais fechado, é a única passagem do Golfo Pérsico para o Mar da Arábia, no Oceano Ín­­dico. Por Ormuz passa não só petróleo do Irã, mas também do Iraque, do Kuwait, da Arábia Sau­­dita, do Bahrein e dos Emirados Árabes Unidos.

Dúvida

Os Estados Unidos e a Grã-Bre­­ta­­nha afirmaram que não aceitarão o fechamento da passagem marítima. Muitos analistas du­­vidam que o Irã, caso decida fe­­char o Estreito, consiga manter um bloqueio por muito tempo. Mas Koswari alertou que, no caso de um fechamento, os EUA e seus aliados devem se abster de qualquer "aventura militar".

Em Jerusalém, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comemorou a decisão europeia. Netanyahu disse que o embargo europeu ao pe­­tróleo do Irã "é um passo na direção certa". Israel, os EUA e a UE acusam o Irã de desenvolver um programa nuclear com finalidades bélicas. O Irã nega.

O Ministério das Relações Ex­­teriores da Rússia disse que o embargo europeu ao petróleo iraniano é um "erro grave" que agravará as tensões.

"É manifesto que neste caso existe uma pressão aberta com o objetivo de punir o Irã por um comportamento não cooperativo. Essa é uma política profundamente equivocada, como já dissemos mais de uma vez aos nossos parceiros europeus", disse a chancelaria russa em comunicado.

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