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Com construções antigas que precisam de reformas, Instituto Superior de Agronomia anunciou bolsa para pedreiro em edital | Creative Commons
Com construções antigas que precisam de reformas, Instituto Superior de Agronomia anunciou bolsa para pedreiro em edital| Foto: Creative Commons

Uma das mais conhecidas escolas superiores portuguesas, o Instituto Superior de Agronomia, inovou nos seus concursos públicos para atrair pesquisadores. Num edital publicado no site de mobilidade de pesquisadores na Europa, a instituição — criada em 1852 — anuncia uma bolsa para um pesquisador sem grau acadêmico.

A nota prevê que o técnico de pesquisa tenha conhecimento de materiais de construção, possua experiência de cinco anos como pedreiro na reforma e reparação de edifícios. O bolsista escolhido deverá trabalhar durante um ano na equipe de manutenção do Instituto Superior de Agronomia, ligado à Universidade de Lisboa.

O anúncio fere o regulamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que prevê que as bolsas de técnico de pesquisa devem formar técnicos para a manutenção de equipamentos de caráter científico. Não está previsto, no entanto, que pedreiros sejam incluídos entre os bolsistas.

Questionada se a bolsa para pedreiro poderia ser uma fraude, a assessora de imprensa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Ana Godinho, afirmou: "É uma fraude por utilizar recursos que deveriam ser usados para a pesquisa em tarefas que não são pesquisa. Estão usurpando o objetivo dessas bolsas".

Uma das características do bolsista é que ele não tem direito a férias, a estabilidade no emprego e nem o 13.º e 14.º salários, pagos aos trabalhadores contratados em Portugal.

Considerada uma das melhores faculdades da área, o Instituto Superior de Agronomia, tem cursos de engenharia agrônoma, alimentar, florestal, ambiental, zootécnica, biológica, além de arquitetura paisagística. Desde 1910 ocupa um terreno de 100 hectares, que abrigam um pavilhão de exposições e o observatório astronômico de Lisboa.

Algumas de suas construções são antigas e precisam de reformas urgentes. Uma das dificuldades enfrentadas pelas instituições públicas portuguesas atualmente é contratar funcionários — desde o resgate português, é necessária autorização do Ministério das Finanças para admitir um trabalhador e o concurso chega a levar mais de seis meses.

Outra instituição da Universidade de Lisboa que está contratando um técnico de pesquisas sem curso superior é a Faculdade de Ciências, que colocou um edital pedindo um eletricista.

"Procuramos pessoal que saiu de cursos técnicos para aprender a fazer a manutenção dos nossos equipamentos. Temos urgência e não podemos esperar até abrir um concurso público", conta Jorge Maia Alves, diretor da faculdade. "São verbas internas da faculdade. Queremos pessoas sem experiência para que seja o primeiro emprego deles. Depois, quando abrirem os concursos eles terão alguma vantagem, por já conhecerem os equipamentos."

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