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O governo uruguaio considerou “inamistosas” as afirmações do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que classificou como “covarde” o vice-presidente uruguaio, Raúl Sendic, ainda que sem mencioná-lo diretamente, e pediu explicações ao embaixador venezuelano em Montevidéu.

Em comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores, o governo anunciou a convocação do embaixador venezuelano na capital uruguaia “para explicações sobre as declarações consideradas inamistosas, que afetam não somente a pessoa a quem foram dirigidas, mas também o que ela representa”.

Dois dias após assumir o cargo de vice-presidente, Sendic afirmou a jornalistas que não tinha elementos suficientes para acompanhar a afirmação de Maduro de que existam ingerências externas na Venezuela.

Nesta semana Maduro afirmou em um pronunciamento televisionado que “um amigo no Sul, um grande amigo que tem um bom cargo no governo, afirmou não saber da ingerência dos Estados Unidos na Venezuela”.

“Que declaração vergonhosa”, afirmou Maduro. “O ex-presidente Chávez me dizia: ‘Calma, Nicolás, que o mundo está cheio de covardes’. E então de lá saiu um covarde tentando agradar aos gringos”.

Sendic, que durante o governo de José Mujica presidiu a petrolífera estatal Ancap — afirmou nesta quarta-feira ao diário “El Observador” que se sentiu atingido por essas informações, e que o presidente venezuelano sofre de “falta de informação”.

No comunicado desta quarta, a chancelaria uruguaia reafirma “seu forte apego ao princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados, à democracia, e à proteção dos Direitos Humanos, e pede um rápido restabelecimento do diálogo político na Venezuela e manifesta seu desejo de que a situação volte à normalidade o mais rápido possível”.

A tensão entre os dois países acontece um dia antes da reunião de chanceleres da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) na capital uruguaia. Segundo o governo uruguaio, o objetivo do encontro — uma preparatória da cúpula de presidentes da Unasul sobre a questão venezuelana na próxima semana — é fazer com que “todos os países da região possam contar a maior quantidade possível de informações para avaliar com objetividade e com a prudências que essas delicadas questões exigem”.

Esta é a primeira desavença pública entre os países desde que a esquerda chegou ao poder no Uruguai, durante o primeiro mandato de Tabaré Vázquez, quando o governo venezuelano, então liderado por Hugo Chávez, iniciou um processo de aproximação social, política e econômica, consolidado com a vitória de José Mujica em 2010.

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