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Escritores, músicos e duas ministras do Uruguai aderiram a um abaixo-assinado na Internet pela legalização do aborto, depois de uma moça de 20 anos ser processada por interromper uma gestação.

O aborto no Uruguai é permitido em caso de estupro, de risco à vida da gestante e no caso de grave dificuldade financeira da mulher.

Tramita no Congresso do país uma lei contra essas restrições, que o presidente Tabaré Vázquez, um oncologista socialista, promete vetar. Em 2004, o Senado derrotou um projeto semelhante em prol do aborto, que havia sido aprovado na Câmara.

A mulher foi indiciada no mês passado depois de procurar um hospital público com ferimentos provocados por um aborto clandestino. Ela aguarda o processo em liberdade, mas três mulheres envolvidas no procedimento cirúrgico estão presas até o julgamento, segundo a imprensa local.

"Sentimos que as pessoas precisavam de um lugar para expressar sua indignação com a injustiça feita a esta jovem", disse Rafael Sanseviero, ex-parlamentar comunista e um dos líderes da campanha.

Uma lei uruguaia de 1938 impõe até nove meses de prisão à mulher que fizer aborto. Quem ajudar ou realizar a operação pode pegar até dois anos. Caso a mulher morra devido a um aborto clandestino, a pena salta para seis anos.

Cerca de 3.500 pessoas já assinaram o documento na internet desde 1º de junho, inclusive as ministras de Interior e Desenvolvimento Social. O escritor Eduardo Galeano e o cantor Jaime Roos estão entre os intelectuais que aderiram.

"Lei injusta"

"Aqueles de nós que assinaram isso (o abaixo-assinado) violaram a lei...seja por realizar um aborto ou financiar um, ao acompanhar uma mulher que fez uma, (ou) conhecer a identidade de muitas mulheres que fizeram e nos mantermos calados. Ou somo todos criminosos ou essa lei é injusta", afirma o site.

Entidades privadas estimam que cerca de 30 mil abortos sejam realizados por ano no Uruguai. Uma recente pesquisa mostrou que 61 por cento dos 3,3 milhões de habitantes do país apóiam a legalização.

Na América Latina, região que concentra cerca de metade dos católicos do mundo, há restrições ao aborto em quase todos os países -só Cuba e Guiana liberam a prática.

Em maio, ao viajar para o Brasil, o papa Bento 16 disse que os políticos católicos se desligam da Igreja quando apóiam leis pró-aborto, já que a religião católica equipara a prática ao assassinato.

Em abril, vereadores da Cidade do México legalizaram o aborto na capital, desde que nas 12 primeiras semanas de gestação. A Corte Suprema do México ainda vai analisar se a lei é constitucional.

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