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Uma mulher fazendo terapia intravenosa no corredor de um hospital, em Xangai, China, em 13 de janeiro de 2023.
Uma mulher fazendo terapia intravenosa no corredor de um hospital, em Xangai, China, em 13 de janeiro de 2023.| Foto: EFE

Com a nova onda de Covid-19, depois de quase três anos sob rígidas medidas sanitárias, a China deverá sofrer cerca de 1 milhão de mortes nos próximos meses, segundo informou o Sixth Tone, uma revista online estatal em língua inglesa publicada pelo Shanghai United Media Group. O artigo, no entanto, foi rapidamente censurado e, contrariando as estimativas, as autoridades registraram oficialmente menos de uma centena de mortes desde a suspensão da Covid Zero, em dezembro.

A conta não fecha. O país divulga que, desde 2020, foram apenas pouco mais de 5.700 óbitos por Covid em solo chinês. Naturalmente, diferentes países e instituições manifestaram desconfiança em relação aos dados revelados pelo gigante asiático.

Até a Organização Mundial da Saúde (OMS) duvida. A entidade anunciou na semana passada que “os números atuais publicados pela China sub-representam o impacto real da doença em termos de internações hospitalares, internações em terapia intensiva e, principalmente, em termos de morte".

A desconfiança também aumentou dentro do país com as notícias sobre celebridades chinesas mortas sem ter a causa divulgada, na tentativa de esconder a dimensão do surto no país. Foi o caso de Chu Lanlan, uma cantora de ópera de 40 anos. A família dela disse estar triste com sua "partida abrupta", mas não deu detalhes sobre o que a levou a óbito. Outros famosos morreram de forma “misteriosa”, a maioria deles de idade avançada, aumentando suspeitas internas. De acordo com o Financial Times, obituários de celebridades mortas por Covid no último mês foram apagados.

Além disso, os hospitais estão tão saturados que os pacientes são atendidos do lado de fora ou nas salas de recepção. Em Xangai, 18 milhões de pessoas foram infectadas em um mês, ou quase 70% da população.

Nos crematórios, os funcionários anunciam que estão sobrecarregados. “Estamos todos muito ocupados, não há mais espaço para os corpos nas câmaras frigoríficas”, disse um deles, sem se identificar, à agência de notícias France Presse.

Em entrevista à TV estatal chinesa, o diretor do Instituto de Doenças Respiratórias de Pequim admitiu que o número de óbitos de idosos até agora neste inverno foi "definitivamente maior" do que nos anos anteriores.

Censura 

Na semana passada, o People's Daily, jornal oficial do regime, instou os cidadãos a trabalharem para uma "vitória final" sobre a doença e rejeitou as críticas à política sanitária que regeu o país desde 2020.

Para evitar a disseminação de críticas e a rejeição aos dados oficiais, a ditadura do país suspendeu ou fechou as contas nas redes sociais de mais de mil críticos das políticas chinesas.

A plataforma Weibo — uma espécie de Twitter chinês, a rede social mais popular do país — declarou que registrou, a pedido do regime, 12.854 violações, incluindo supostos ataques a especialistas, acadêmicos e trabalhadores médicos, e emitiu proibições temporárias ou permanentes em 1.120 contas. O Partido Comunista Chinês não permite críticas diretas e impõe limites à liberdade de expressão.

Controle de dados 

Questionadas internacionalmente, além de censurar críticas e especulações, as autoridades de saúde chinesas ainda afirmam que os requisitos de testes impostos por governos estrangeiros, como Alemanha e Suécia, não são baseados na ciência. Os porta-vozes disseram que a situação está sob controle no país e rejeitam as acusações de despreparo para a reabertura.

A China publica uma contagem diária de novos casos, casos graves e óbitos, mas usa uma definição muito específica de mortes relacionadas à doença. Além disso, no final de dezembro, o país fez frequentes interrupções na divulgação diária dos dados.

Os chineses dizem que, desde que o governo encerrou os testes obrigatórios e permitiu que pessoas com sintomas leves se testassem e convalescessem em casa, não pode mais fornecer um panorama completo.

Desde o início da pandemia, a China compartilhou apenas 4.144 sequências com a GISAID, uma plataforma global para dados de coronavírus. Isso representa apenas 0,04% do número de casos relatados – um centésimo do que a dos Estados Unidos e quase um quarto da vizinha Mongólia.


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